Na última semana, um assunto que ganhou bastante repercussão na imprensa burguesa e dentro do campo político foi o afastamento do governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel. A crise entre duas grandes alas da burguesia é eminente, em que de um lado encontramos os militares e Bolsonaro, sustentados pela extrema direita, e de outro um setor golpista que promoveu e ainda sustenta o golpe desde 2016, e esse conflito se dá pelas contradições internas do regime político atual que está em deterioração, ao mesmo tempo em que há uma disputa sobre o controle do Estado e os rumos das eleições de 2022.
Esse conflito dentro das alas burguesas é evidenciado por vários fatores, como o próprio afastamento de Witzel, e também demonstram como todos os acontecimentos desde o golpe foram previamente planejados pela burguesia, como a eleição de 2018, de governadores e do presidente da república. A grande farsa eleitoral de 2018 é ainda mais clara quando analisamos o caso de Witzel. Teoricamente, Wilson Witzel foi eleito com um grande apoio popular, ao vencer o pleito com quase 60% votos no segundo turno, mas após o seu afastamento não vemos nenhuma manifestação dos seus eleitores sobre a decisão arbitrária do Judiciário em afastá-lo do cargo, nem mesmo que fosse de pequenas proporções. Isso acontece porque Witzel não tem um grande número de eleitores e muito menos apoio popular, ao contrário do que realmente deveria acontecer, as eleições de 2018 foram decididas de cima para baixo, não pelo povo e por aqueles que realmente representam os anseios populares. Dentro do regime golpista as eleições não passam de meras convenções artificiais, onde as cartas já estão marcadas e a burguesia já escolheu os “representantes do povo”.
Outro fator que evidencia a falta de apoio popular de Wilson Witzel é como apenas um ministro do STJ não hesitou em afastá-lo do cargo numa decisão monocrática, já que se houvesse um grande apoio de eleitores isso poderia colocar o estado do Rio de Janeiro numa onda de manifestações e de revolta dos seus eleitores, mas isso não aconteceu e o Judiciário sempre teve ciencia disso, já que todas as alas do Estado brasileiro estão dominadas pela burguesia e é de conhecimento de todos como as instituições brasileiras estão funcionando após o golpe, onde os escolhidos são aqueles que representam as demandas da ala burguesa dominante.
O caso do governador Wilson Witzel demonstra várias características do regime golpista: existe um conflito entre duas alas da burguesia que se digladiam em torno do poder do Estado e seus interesses, e para isso o Judiciário é utilizado da forma arbitrária para atingir seus objetivos, seja com opositores políticos, como foi o caso do ex presidente Lula, seja com aqueles que fazem parte da mesma classe, mas que estão em discordância com aqueles que dominam atualmente o regime, como é o caso de Witzel e seu desentendimento com Bolsonaro e sua ala golpista. Além disso, fica claro que as eleições de 2018 não passaram de uma grande fraude burguesa, onde a burguesia decidiu e elegeu aqueles que eram do seu interesse, sem nenhum apoio popular ou decidido realmente pelos trabalhadores.
Neste sentido, é necessário denunciar e combater através da mobilização popular a grande farsa que foram as eleições de 2018 e todo o golpe desde 2016, onde vemos que tudo até hoje não passou de grandes manobras da burguesia para controlar o regime político. Por eleições gerais e pelo Fora Bolsonaro, Witzel e todos os golpistas, os trabalhadores devem sair às ruas!