De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Mundial do Comércio (OMC), o mundo corre sérios riscos de enfrentar, no próximo período, uma escassez de alimentos. O risco se dá por causa da pandemia do coronavírus, que está forçando quarentenas em todo o mundo e, consequentemente, paralisando a produção em vários setores. Esse cenário tem apenas contribuído para aprofundar ainda mais a crise do capitalismo, que já agonizava há muito tempo.
Estudos recentes apontaram que, a cada mês que um país estiver sob isolamento social por causa do coronavírus, seu PIB diminuirá cerca de 2,2%. Além disso, o Fundo Monetário Internacional (FMI) já havia declarado que a economia mundial estaria em recessão durante todo o ano de 2020. Diante disso, a escassez de alimentos se torna, de fato, uma ameaça que poderá se concretizar a qualquer momento.
A escassez de alimentos, por um lado, mostra a total ineficiência do capitalismo, que, por causa da forma desorganizada com a qual produz, impede que a produção seja racionalmente absorvida pela sociedade. Por outro, serve como alerta para que a classe operária esteja atenta as manobras que os capitalistas deverão empreender para tentar conviver com esse cenário.
Escassez de alimentos é, antes de um sinal de profunda crise de um modo de produção, um fenômeno que diz respeito à própria luta pela sobrevivência. Se faltam alimentos, inevitavelmente haverá uma luta feroz para decidir quem irá controlar os alimentos. E essa luta poderá catapultar a crise dos regimes capitalistas de conjunto.
A burguesia teme uma explosão social e, por causa disso, poderá fazer algumas pequenas concessões aos trabalhadores. No entanto, não se deve ter quaisquer ilusões com seus interesses. É preciso que os trabalhadores tenham uma política independente e organizar um embate definitivo contra a classe dominante para pôr o capitalismo abaixo, antes que todo tipo de escassez apareça.