No vale do Jequitinhonha, uma das regiões mais pobres do País, no estado de Minas Gerais, em uma localidade chamada de Felisburgo, no acampamento “ Terra prometida”, 56 famílias, cerca de 196 pessoas, residem e produzem alimentos há 17 anos. A área originalmente do estado, por meio de grilagem estava em mãos de Adriano Chafik e em 2002, 259 famílias ocuparam o local. Um processo de reintegração de posse foi aberto e posteriormente, por comprovação da grilagem, foi extinto.
Após sucessivas ameaças, em 20 de novembro de 2004 o acampamento foi palco de um ataque que ficou conhecido por Massacre de Felisburgo. Em decorrência disto, cinco pessoas foram assassinadas e outras treze gravemente feridas. O responsável pelo massacre, Adriano Chafik, foi condenado a penas de até 100 anos de prisão, porém vez por outra, especialmente quando existe alguma ação na justiça as famílias que ainda não foram assentadas definitivamente voltam a ser ameaçadas conforme relatos dos moradores.
Recentemente o processo de reintegração de posse foi reaberto pelo juiz Walter Zwicker Esbaille Júnior, o mesmo que tentou despejar as famílias produtoras do café Guaií do Acampamento Quilombo Campo Grande, no sul de Minas. A advogada do MST Letícia Santos declara que “O Juiz da ação possessória, desobedecendo a regra de suspensão e atendendo a pedido dos autores, retomou o andamento processual” . Coincidentemente, mais uma vez fatos estranhos foram constatados.
Um homem em uma Ranger recentemente percorreu o local tirando fotos e fazendo perguntas, causando estranheza e apreensão à comunidade . Os moradores, ao buscarem informações, constataram que a placa da ranger era adulterada, pertencendo a um Fiat do Maranhão.
O fato do estranho ter se despedido em tom de ameaça, dizendo que retornaria para pegar o “troco” , ascendeu o alerta dos moradores que ainda não esqueceram o massacre de 2004.
Diante da reabertura do processo e temendo um novo atentado os moradores preparam-se para a resistência. A direita com sua ganância mais uma vez tenta, através da Justiça, inicialmente jogar na estrada as famílias que vivem da terra em uma comunidade organizada e com ameaças tentam intimidar os moradores. A ação judicial fraudulenta já é conhecida do povo, a Justiça pertence à burguesia e ao latifúndio.
O que chama atenção neste episódio além da ação judicial é a mobilização de defesa da comunidade que não esquece nem deve esquecer seu passado de sofrimento.
Esperar justiça por meios legais é ilusório. É preciso que a comunidade se defenda do ataque que se avizinha e que a reintegração de posse ao grileiro seja impedida, com toda a força necessária para fazer retroceder os fascistas que tentam levar adiante a política de assassinato no campo do governo Bolsonaro.