O Movimento ao Socialismo (MAS), partido que sofreu o golpe de Estado de 2019, solicitou ao Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) informações que têm por objetivo garantir a transparência nas eleições presidenciais que se aproximam na Bolívia. As eleições estão programadas para ocorrer neste domingo, 18 de outubro. O candidato deste partido de esquerda está em primeiro lugar em todas as pesquisas eleitorais.
Em documento, o partido manifesta preocupação com a possibilidade de que os observadores enviados pela Organização dos Estados Americanos (OEA) sejam os mesmos que participaram das manobras do golpe de Estado. A União Europeia, que reconhece o governo golpista de Añez, está enviando observadores para o país sul-americano.
A preocupação do MAS é legítima, pois a extrema-direita há muito se articula no interior das instituições públicas para impedir que a esquerda volte ao poder. Jeanine Añez declara abertamente que o objetivo é impedir a esquerda de retornar à presidência da República.
Os observadores internacionais da OEA, União Europeia e Estados Unidos servem apenas para manipular as eleições. Se a esquerda vence, os observadores vão acusar uma suposta fraude, exatamente como foi feito nas eleições de 2019. Se a direita vencer, o que é muito difícil de acontecer por vias normais, a eleição será considerada legítima.
Os relatórios produzidos pelas organizações internacionais, divulgados pela imprensa capitalista, têm o claro propósito de intervir nas eleições bolivianas. Foram justamente as acusações de que o ex-presidente Evo Morales, eleito em primeiro turno, tinha fraudado as eleições que deu fundamento político para a ofensiva golpista.
É provável que a direita procure manipular os dados e utilizar-se das instituições públicas para pôr Carlos Mesa no segundo turno. Com uma vitória eleitoral da direita, a ideia é passar a mensagem de que o povo boliviano escolheu a direita. Trata-se de um outro golpe de Estado com a fachada eleitoral, como outros realizados em toda a América Latina, inclusive no Brasil, com a eleição fraudulenta de Jair Bolsonaro.
O imperialismo conspira com a direita boliviana para impedir, por todos os meios possíveis, o retorno do MAS ao poder. Nesse contexto de crise capitalista generalizada, nem mesmo o moderado nacionalismo burguês boliviano é tolerado, uma vez que este realiza concessões às massas. A política neoliberal, que corresponde ao atual estágio do imperialismo, exige que se implemente um programa de retirada de direitos, desregulamentações, privatizações e ataques a todos os direitos democráticos fundamentais da população.
A perspectiva de uma fraude eleitoral promovida pela direita é real na Bolívia. Cabe à esquerda mobilizar nas ruas para impedir que se consume a fraude.