Nos últimos três dias, quinta (05), sexta (06) e sábado (07), o país viveu um dos acontecimentos políticos mais importantes de toda a luta contra o golpe até aqui. Milhares de pessoas se reuniram no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, para impedir a prisão do ex-presidente Lula que havia sido decretada pelo Mussolini de Maringá, Sérgio Moro, na quinta-feira.
A mobilização contra a prisão de Lula mobilizou pessoas de várias partes do país e contou com uma expressiva presença de operários metalúrgicos e trabalhadores de uma forma geral, que ocuparam o sindicato e seus arredores com bandeiras, faixas e cartazes, além do próprio Lula que estava no sindicato reunido com dirigentes da Central Única dos Trabalhadores, do PT, de movimentos populares e figuras públicas. Várias pessoas inclusive passaram a noite no sindicato.
Ao longo dos três dias a mobilização foi se tornando cada vez mais intensa e passou a reunir um número cada vez maior de pessoas dispostas a levar adiante a política de impedir a prisão de Lula. O juiz golpista Sérgio Moro havia determinado que Lula se entregasse à Polícia Federal até as 17 horas de sexta-feira, mas o líder petista decidiu não se entregar e permaneceu no sindicato junto a uma multidão de trabalhadores. Com medo do povo, a polícia não foi até o sindicato, pois o clima intenso de radicalização política teria levado a um confronto extremamente desfavorável para a polícia e colocaria em risco o próprio regime político golpista. No sábado, realizou-se em frente ao sindicato uma missa em homenagem à ex-primeira-dama Marisa Letícia, que reuniu novamente uma multidão que aguardava um pronunciamento do ex-presidente. Durante toda a missa era possível ouvir a massa entoar palavras de ordem como: “Cercar, cercar e não deixar prender!” Ao final da Missa Lula anunciou que iria se entregar para a polícia o que gerou, de um lado uma comoção geral e frustração, e de outro uma radicalização no meio das pessoas. Vários manifestantes fecharam as saídas do sindicato para não deixar que Lula saísse, mas ao final o presidente deixou o sindicato e foi conduzido para Curitiba.
É importante destacar que a mobilização em defesa de Lula que se estabeleceu em são Bernardo do Campo mostrou o caminho que deve ser seguido para derrotar o golpe e os golpistas: ocupar as ruas e enfrentar a direita. A presença dos trabalhadores e das organizações populares em São Bernardo do Campo foi capaz de impedir, mesmo que temporariamente e até contra a vontade do próprio Lula, a prisão do ex-presidente e deixou claro que o avanço da direita e do Golpe de Estado só pode ser barrado através de uma ampla mobilização popular de características revolucionárias, que mobilize os operários nas fábricas e nos bairros populares.