Recentemente os jogadores da NBA decidiram entrar em greve. A causa da paralisação dos atletas de basquete, o esporte mais popular dos Estados Unidos, foi a ação policial desproporcional contra o cidadão Jacob Blake.
Blake é um afro-americano de 29 anos que foi baleado e ferido pela polícia, em 23 de agosto de 2020. Ele foi atingido por quatro de sete tiros disparados em suas costas durante uma prisão pelo policial Rusten Sheskey. O incidente ocorreu em Kenosha, Wisconsin, enquanto policiais tentavam prender Blake que sequer resistia a prisão.
Os jogadores da NBA decidiram então não entrar na quadra na quarta-feira após a polícia atirar em Jacob. A população que aprecia o esporte aprovou a medida e comparou a decisão dos atletas com o gesto de Muhammad Ali que negou-se a lutar contra um vietnamita quiando os dois países estavam em guerra.
Entra em cena então o ex-presidente democrata Barack Obama.
Obama simplesmente se empenhou a convencer os jogadores da NBA a encerrarem sua greve e a voltar a jogar. Por meio de uma ligação para Chris Paul e LeBron James, Barack Obama pediu aos jogadores da NBA que retornassem às quadras e retomassem os chamados playoffs.
Imediatamente a população lembrou outra interferência recente de Obama no cenário político do país além de acabar com uma greve de jogadores de basquete que lutavam por justiça racial.
“Eu me pergunto se Barack Obama disse a LeBron James: – Ei, pare de fazer greve por justiça racial, pare de chamar a atenção para um grande problema. Eu sou o cara que está aqui para fazer as pessoas esquecerem disso. Quando você joga, as pessoas têm esperança e precisam dessa esperança. Espero que, eventualmente, algo mude, espero que você não envolva, não proteste…”, ironizou um apresentador.
A temporada da NBA estava em jogo quando James e Paul conversaram com Obama após uma tensa reunião entre jogadores, treinadores e lideranças sindicais na quarta-feira à noite, após a decisão dos jogadores de Milwaukee Bucks de se recusarem a entrar em campo e jogadores de times subsequentes se juntaram a eles.
“Vamos todos vamos tomar uma cerveja e se livrar dessa ideia idiota de protestar contra a brutalidade policial”.
Este é um exemplo perfeito de neoliberalismo bloqueando táticas verdadeiras e eficazes de mudança. Acabando com uma greve que era sindicalizada. Os jogadores estavam prestes a liderar o povo para o progresso dos atos.
“Os atletas iam fazer uma verdadeira greve sindicalizada e Barack Obama os deteve. O garoto-propaganda do neoliberalismo. Você agora entende que Barack Obama não é o melhor presidente da sua vida? Obama nos deu uma surra duas vezes este ano. Uma vez para foder Bernie (e os EUA) e outra para repreender a NBA a voltar a jogar. Ele não é amigo o apoiador de nenhum trabalhador. Ele é um vendido total e completo”, dizia um comentário exaltado na rede social Twitter.
Algumas pessoas também relembraram a atuação de Obama durante a crise de 2008 e como ele favoreceu os bancos e as grandes companhias capitalistas. Na época os custos chegaram a US$ 8 trilhões. Sendo US$ 29 Bilhões para o Bear Stearns, US$ 345 Bilhões para o Citigroup. O Federal Reserve ainda aplicou US$ 600 Bilhões para garantir os depósitos do mercado monetário e reduziu agressivamente as taxas de juros para praticamente zero.
Na época, o Congresso norte-americano, o Departamento do Tesouro, o Federal Reserve e outras agências tomaram dezenas de medidas para salvarem os capitalistas com o dinheiro público.
Em 2020, portanto, Barack Obama está sendo decisivo para modificar o cenário político dos Estados Unidos. Além de tirar da corrida presidencial desse ano o candidato democrata Bernie Sanders (que era identificado como o pré-candidato mais à esquerda dentro do partido apenas por defender reformas básicas consideradas extremistas como uma saúde e educação pública e universal); Obama atua cladestinamente para dissipar qualquer princípio de mobilização nos círculos esportivos do país majoritariamente formado por negros.
O ex-presidente atua, portanto como um capitão do mato dos negros norte-americanos. Como se já não bastasse ajudar a viabilizar a candidatura de Joe Biden, seu antigo vice, um demagogo e criminoso de guerra responsável, assim como ele próprio, por inúmeros bombardeios e golpes de estado contra nações mais pobres e subdesenvolvidas; Obama também age agora para evitar greves de profissionais negros sindicalizados e influentes no país que se dispuseram lutar justamente por aquilo que seus antigos eleitores acreditaram estar promovendo quando o elegerem: justiça social e racial.