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Eleições

O vice e o caráter combativo da candidatura Lula

A discussão sobre o caráter da chapa encabeçada pelo líder petista é a discussão sobre a força que terá o movimento

A pressão para que a candidatura de Lula tenha como vice um elemento da burguesia já encontra ecos no interior do próprio Partido dos Trabalhadores. Em recente entrevista, o ex-governador da Bahia Jaques Wagner afirmou que “Lula vai buscar um nome empresarial para vice”. Trata-se, neste caso, muito mais de uma declaração de intenções do que propriamente uma previsão.

Não é segredo algum que Jaques Wagner faz parte da ala direita do PT. Isto é, daquele setor que não lutou contra o golpe, defendeu a candidatura de Ciro Gomes e apresenta abertamente a política de “frente ampla” como a salvação do País. Seu pupilo, Rui Costa (PT), governa a Bahia em boa convivência com o conjunto da oligarquia local.

O interesse de que Lula tenha um empresário como vice é parte do mesmo interesse. Para Jaques Wagner, uma chapa entre Lula e um empresário serviria como garantia da conciliação de classes: “Lula inevitavelmente vai buscar uma pessoa que seja complementar: como ele representa o social, vai buscar alguém que represente o empresarial”. No entanto, as coisas não são exatamente assim.

O empresário como vice não serve para “equilibrar” um eventual governo Lula. A burguesia não está interessada em chegar a um acordo com o movimento que acorda Lula. O motivo pelo qual a burguesia quer um empresário como vice não é somente para impedir que ela fique de fora do governo — o que está sequer no cálculo de Lula. O motivo é o mesmo pelo qual ela faz propaganda da frente ampla: o vice direitista desmoraliza a esquerda.

Um vice que venha da burguesia, em primeiro lugar, não serve para apoiar a candidatura. Em 2014, escolher Michel Temer como vice não serviu para que a burguesia apoiasse o PT: a burguesia claramente apoiou a candidatura de Aécio Neves. Assim como em 1989: o malabarismo de filiar José Paulo Bisol no PSB e lançá-lo como vice não fez com que a burguesia apoiasse Lula.

Lançar um vice direitista só serve para acalmar a burguesia. Para que os empresários se sintam seguros de que Lula não quer tomar nenhuma medida radical. O que não é vantagem alguma para os trabalhadores. Há outra coisa que tem de ser dita, Lula não pode ser tão moderado quanto a burguesia quer. Eles querem uma política externa servil aos EUA, uma política radical de arrocho fiscal e de controle de gastos, querem uma pilhagem dos direitos do povo. Lula não pode, nem com Belzebu como vice, entregar o que eles querem e sobreviver politicamente. O vice, portanto, traria

Se, ao contrário do que fez em todas as eleições — 1989, 2002, 2006, 2010 e 2014 —, Lula escolher como vice alguém da CUT, do MST, ou do movimento popular, o efeito que isso causa sobre seus apoiadores é completamente diferente. Lula não será bajulado na imprensa burguesa por isso. Pelo contrário: será ainda mais atacado. Mas quando escolhe alguém que é ligado a sua base, Lula está sinalizando que seu governo será radical. Os trabalhadores sentem que esse governo será o seu governo. Sentir-se-ão no direito de passar por cima da burguesia para conseguir o que quer e lutará até as últimas consequências por ele, por achar que é algo que valha à pena lutar.

Neste sentido, a escolha do vice é a escolha do programa. Porque o programa de um governo depende muito mais de sua força do que seus discursos. Se Lula entra pela força dos trabalhadores, sua base sentirá confiança para lutar por um programa bastante radical. Se o vice é um empresário, o movimento fica confuso, disperso. E, além disso, permite que abutres como Ciro Gomes ataquem a candidatura de Lula por causa dos vampiros que escolhe de vice. Mesmo Ciro Gomes sendo um coronel vigarista, não é difícil para ele criticar a política de alguém como Geraldo Alckmin (PSDB), um dos cotados para ser o vice de Lula, o que deixaria os apoiadores de Lula na defensiva.

Os trabalhadores não têm nada a ganhar com um vice da burguesia. Para que o movimento em torno da candidatura ganhe confiança e se prepare para a guerra que serão as eleições de 2022, é preciso uma chapa com cara de guerra. Uma chapa que represente os explorados, os que morreram na pandemia, os que estão passando fome, os que estão demitidos: aqueles que querem atirar a burguesia parasitária pela janela.

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