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O Sudeste é de direita e o Nordeste é de esquerda? Destruindo o mito conveniente para a burguesia

Após a eleição de Jair Bolsonaro, as confusões sobre o caráter ideológico da população de determinadas regiões do País voltou ao debate político. Todo um setor da esquerda brasileira, confusa em relação ao processo eleitoral, afirmou que a população do Sudeste e do Sul do Brasil são de direita, enquanto a população nordestina seria de esquerda. Entretanto, isso não condiz com a realidade.

Acredito que o primeiro de tudo é esclarecer a questão do ponto de vista das eleições. O resultado eleitoral é o principal culpado por essa distorção da realidade. A suposta vitória da direita e da extrema-direita no Sul e no Sudeste fez com que muitos grupos acreditassem que os números das urnas eram proporcionais à ideologia existentes nessas regiões. Ou seja, a população do sulista seria de direita.

Enquanto isso, a vitória da esquerda no Nordeste expressaria um caráter mais progressista ao povo nordestino. A vitória de governadores de “esquerda” e de votos para o PT para a presidência da República indicariam este fato. Porém, tudo isso não passa de uma falsificação criada pela burguesia para esconder a manipulação e as manobras políticas.

É preciso entender que a vitória da direita nas regiões do Sul não é culpa do “conservadorismo” da população, muito pelo contrário, é resultado força da burguesia nesses determinados estados (com ênfase em São Paulo). Sendo os Estados mais industrializados do país a força da burguesia é muito mais forte do que em qualquer outro estado. E portanto, o controle do aparato estatal é muito mais arbitrário do que nos estado com uma burguesia mais fraca – como o Nordeste por exemplo.

Em São Paulo, por exemplo, o PSDB se encontra no governo do Estado desde os anos 90, apesar de todos os ataques promovidos contra a população ao longo de mais de vinte anos, de intensas repressão de greves e de ataques aos direita do povo paulista. Alguns diriam que é porque o povo paulista gosta de sofrer. Mas não se trata disso. Em São Paulo, a burguesia controla todo o processo eleitoral, desde os mesários, passando pelas urnas, até a forma como é realizada a eleição. E este controle aumenta conforme o poder da burguesia aumenta.

A vitória da direita nas regiões do Sul, entretanto, não é culpa de uma maioria de direita na população, mas por conta do controle do poder de maneira mais intensa pela burguesia. Ao contrário do que acredita alguns setores da esquerda pequeno-burguesa, os Estados mais desenvolvidos são também os que conglomeram a maior parcela da esquerda nacional.

São Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo, são os dois estados mais desenvolvidos do País. E portanto, são os estado em que mais existe a presença da classe operária. Portanto, com a intensa presença da classe operária, é natural que sejam nesses locais que surjam os principais núcleos de luta política progressista e revolucionária. É assim há mais de um século. Não é por nada que o maior líder político do país tenha aparecido no meio dass greves de São Bernardo do Campo (Lula) e nem que tenham sido estes dois estados o ponto central da resistência contra a ditadura militar e das principais manifestações contra o golpe, em 2015-2016.

Com isso, a população destes estados têm uma tendência muito mais à esquerda que o Nordeste, por exemplo, onde a influência da classe operária é muito mais fraca. No Nordeste, a imensa pobreza é algo perceptível. No interior da Bahia e de Alagoas, por exemplo, há locais em que o IDH é menor do que cidades da África. E nesse sentido, o atraso é bem maior, e o poder da burguesia bem menor – e a organização dos trabalhadores bem mais fraco.

Olhando para as eleições regionais, o que fica explícito não um progressismo, mas uma predominância da antiga política coronelista. Os governadores de “esquerda”, do PT e do PSB-PDT-PCdoB que chegaram ao poder são profundamente alinhados com as oligarquias locais. Na Bahia, Rui Costa (PT) é um aliado dos filhos da ditadura militar – os carlistas; em Sergipe e em Alagoas, predomina o MDB que englobou inclusive partidos políticos como o PT – demonstrando a total falta de independência de classes da esquerda; em Pernambuco, o PT também abdicou de sua independência política para apoiar Paulo Câmara (PSB), que se aliou com o PCdoB para dar uma aparência de esquerda ao seu governo mas é profundamente reacionário; e assim por diante se seguem os governos.

No sentido das Assembléias estaduais, e da política municipal, a situação é ainda mais retrógrada. Acontece que as políticas sociais do PT fizeram com que o partido ganhasse uma grande popularidade com a população mais pobre. Não porque o povo seja ideologicamente de esquerda, ao contrário do que ocorre em São Paulo e no Rio de Janeiro, mas porque pela primeira vez muitos setores da população conseguiram ter acesso a comida, educação e outros direitos básicos dos cidadãos.

Por isso, a grande popularidade de Lula e do PT. Mas trata-se de um apoio muito menos consciente do que o apoio que há nos principais pólos econômicos e políticos do país, que também é grande. Acontece que durante as eleições, o aparato eleitoral é muito mais bem controlado nos Estados do sul-sudeste – inclusive facilitando a fraude nas urnas eletrônicas e as falsificações e manobras.

Já no Nordeste, o débil controle da burguesia não conseguiu esconder a popularidade do PT, fazendo com que apesar de tudo, o PT saísse vitorioso nas capitais – onde há um certo avanço comparado à miséria das zonas interioranas dos estados.

Na verdade, as declarações de que o Nordeste é mais progressista na política do que o sudeste é um fator extremamente reacionário e algo que favorece a fraude eleitoral realizada pela direita. Desta forma, afirmando que o povo do Sul-Sudeste é de direita, ninguém questiona as absurdas fraudes que ocorrem no processo eleitoral. Por isso, é preciso combater esse tipo de ideologia confusa.

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