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Começa a campanha eleitoral

O sonho da prefeitura própria

O candidato do PSOL, líder do MTST, acredita mesmo que será eleito. Por quê?

Começaram, no final de semana retrasado, os “50 dias mais importantes” da vida de Guilherme Boulos. Foi o que ele disse no Facebook, naturalmente, referindo-se ao início oficial da campanha eleitoral. Seu mini-discurso foi, na minha humilde opinião, uma das coisas mais demagógicas, oportunistas e cafonas que um político que se diz socialista poderia dizer. 

É curioso notar, em primeiro lugar, que, segundo ele, essa campanha eleitoral é a coisa mais importante de sua vida. Depois de tudo o que ocorreu durante os quase 3 mil dias que hoje nos separam do início do golpe de Estado (o começo do julgamento do “Mensalão” no STF, em agosto de 2012); da condenação completamente arbitrária de dirigentes do PT e de seus governos; do impeachment fraudulento de Dilma Rousseff; do governo ilegítimo de Temer que impôs enormes ataques aos trabalhadores de todo o País; e, finalmente, do processo criminoso e da prisão absolutamente ilegal do ex-presidente Lula, parte fundamental da fraude eleitoral que levou Bolsonaro ao poder para completar e expandir a obra de destruição do País iniciada pelos golpistas. 

A campanha eleitoral de Guilherme Boulos será, portanto, mais importante que as inúmeras lutas, protestos e enfrentamentos nos quais ele – se fosse possível acreditar em suas palavras – foi um dos grandes “mobilizadores”, uma liderança. Mais: é a coisa mais importante dos quase 14 mil dias de todos os seus 38 anos de vida. É uma eleição e tanto! Mas também é uma emoção que parece um pouco desproporcional para quem, dois anos atrás, concorreu à Presidência. Por quê? Ora, a explicação é simples. Essa campanha eleitoral é mais importante que a de 2018, em que estava colocado “derrotar o fascismo” nas urnas, porque ele acha que vai ganhar. Todo o resto é secundário.

Decorre disso que um desses momentosos 50 dias terá uma importância particular, será especial, será o dia mais importante dos 50 dias mais importantes da sua vida: o 15 de novembro, dia da proclamação de Boulos, prefeito de São Paulo. Será, segundo disse, “o grito dos invisíveis, de quem está abandonado (…)  sem vez nem voz”. O grito dos que não tem voz. Estou sem palavras.

Mas como o candidato do PSOL vai conseguir a proeza de fazer os afônicos gritarem? Ora, com o auxílio de sua companheira de chapa, a ex-prefeita octogenária Luiza Erundina. Ele disse ter resgatado “a mulher mais inspiradora da política brasileira”. Notem: mais inspiradora que a comunista Olga Benário Prestes, torturada e entregue aos nazistas por Getúlio Vargas, apenas para citar uma de uma longa lista de abolicionistas, feministas, militantes operárias etc.

Com toda essa seda rasgada para a ex-prefeita, ele também resgatou seu “legado de participação popular e inversão de prioridades”. A mim ocorre apenas uma inversão de prioridades no governo Erundina. Dezenas de milhares de condutores da CMTC, cuja prioridade era a defesa de seus salários na greve de 1992, foram esmagados pela prefeitura de Erundina, que quebrou sua mobilização com a contratação de fura-greves. Essa inversão de prioridades abriu o caminho para a privatização da companhia de ônibus pelo governo Maluf, no mandato seguinte.

A abertura desta época de ouro da vida do candidato do PSOL é feita com uma anunciação. Segundo ele, sua eleição representa “a possibilidade de começar a despertar do pesadelo bolsonarista, cheio de ódio e retrocessos”. 

É, ainda (e principalmente), “a recuperação do nosso direito de sonhar. Não só em São Paulo. A partir daqui, vamos mostrar que é possível voltar a fazer política com esperança, com encanto e brilho nos olhos. Vamos virar esse jogo!”

Ou seja, seu assento no Edifício Matarazzo será o ponto de partida para libertar o país da ditadura de Bolsonaro. Não sou bidu, mas a eleição de Boulos não parece se encaixar na sequência de acontecimentos que nos trouxeram à virtual ditadura existente no País. Tudo indica que as urnas vão revelar um resultado sob medida para a manutenção do regime imposto pelo golpe de 2016. Mas Boulos pensa diferente, ele tem um sonho e acha que esta é a hora de sonhá-lo. Acha, na realidade, que é a hora dos eleitores sonharem com ele.

Sejamos realistas: o governo golpista não será derrubado e o fascismo não será derrotado por um prefeito. Não é um sonho que se possa colocar em prática. Mas quem sou eu para impedir Boulos de realizar o sonho da prefeitura própria?

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