Por João Pimenta
“Blut und Boden”, sangue e terra, era este o lema do nazismo alemão, a mais agressiva, reacionária, anti popular e, influente, tendência ideológica da direita mundial. Era uma síntese do motivo do nazismo para vir ao mundo, defender o imperialismo alemão, ou seja, os grandes bancos e industriais, a classe dominante na Alemanha, e a “raça dominante”, o alemão “ariano”, seja lá o que fosse isso, contra o judeu, o slavo, o negro, o latino, todas as outras raças.
Na alemanha é possível ser reacionário e nacionalista. Pois a Alemanha não é oprimida por ninguém, a nação alemã, isto é, sua burguesia, é mestra do seu próprio destino.
No Brasil, nem este pobre raciocínio sobra para a extrema-direita.
O general Hamilton Mourão, candidato a vice na chapa presidencial de Jair Bolsonaro, em declarações recentes, deu uma amostra do que é a extrema-direita alemã, a sua defesa do “sangue e solo”.
Ele ao comentar a formação racial do Brasil, pôs a culpa de todos os problemas nacionais na herança cultural ibérica, ou seja portuguesa e espanhola, negra e indígena do Brasil, ou seja o problema do Brasil é o seu povo. Bom seria o “ariano” alemão, ou o protestante americano? Ele não explica.
Sobre a terra, ele diz que o Brasil não deve fazer negócios com países atrasados, com a África, que ele chama de “mulambos”, mas com os países do “norte”, os imperialistas, como os EUA, e a Alemanha, governada pelos mesmo que financiaram Hitler.
É importante notar que o Brasil negocia com os EUA como uma ovelha negocia com o leão, o que Mourão propõe, na prática, é uma submissão do Brasil ao estrangeiro imperialista.
A extrema-direita nunca se deu muito bem em países como o Brasil. Todos eles, como Mourão, se dizem nacionalistas, mas sua ideologia mostra o inverso.
A ideia de “sangue e terra” de Mourão não é uma versão nacional do fascismo europeu e americano, é uma réplica exata dele.
Ele defende a raça dominante no Brasil, que não é o brasileiro, negro, mulato ou índio, mas o branco estrangeiro.
Ele não defende as fronteiras nacionais, mas defende o interesse da nação estrangeira, pois no Brasil não são os brasileiros que decidem os rumos da nação, é o opressor imperialista, os Estados Unidos por exemplo, com quem Mourão quer “negociar”.
Além de ultra reacionários, a extrema-direita brasileira é profundamente entreguista, como pode isso?
Porquê ser nacionalista em um País opressor, só pode significar oprimir. A luta dos trabalhadores alemães não é pela defesa da nação alemã, mas pela defesa da povo alemão contra o imperialismo alemão, nisso o povo belga, chinês, brasileiro, são seus aliados, pois o inimigos também é deles.
No Brasil, a história é um pouco diferente. Nossa terra é oprimida, então o nacionalismo aqui é progressista, até certa medida, pois é um enfrentamento contra os donos do Brasil. A defesa da “raça superior” é uma utopia reacionária, sempre foi uma maneira de oprimir os mais fracos, e separar o povo, também não cabe no nosso Brasil.
O povo brasileiro, no entanto, é obrigado a ver que na luta contra o opressor, o venezuelano é uma camarada de armas, o mesmo para o russo e o cubano, e até para o povo dos EUA e dos outros países imperialistas, estes trabalhadores todos têm um inimigo comum, a burguesia e o imperialismo. A saída não está na nação, na aliança dos povos de todo mundo, não no nacionalismo, mas no internacionalismo.
Como os fascistas alemães, Mourão, representa o uso da violência para fazer a vontade da classe dominante, e no Brasil, a classe dominante é estrangeira. Por isso está fadado a ser um capitão do mato brasileiro, que sonha com ter sangue e ser da terra do estrangeiro imperialista.