As declarações do presidente fascista Jair Bolsonaro contra a jornalista da Folha de São Paulo e as “bananas” dadas a imprensa está gerando dentro do Congresso Nacional e no meio jornalístico discussões sobre a possibilidade de impeachment. Esse debate se abriu entre a direita, inclusive “expoentes” do processo golpista de Dilma Roussef, como Miguel Reale Jr. e, também, de setores da esquerda.
A esquerda rapidamente repudiou as declarações e disse que há a possibilidade de entrar com pedido de impeachment porque teria ultrapassado os limites. Mas a pergunta que fica é qual limite, pois Bolsonaro já defendeu a tortura, metralhar pessoas da esquerda, ameaçou a deputada Maria do Rosário (PT) e, ainda foi muito além das declarações e foi para a prática com destruição da previdência, legislação trabalhista, aval para forças policiais serem mais letais entre muitas outras ações.
Qual motivo a esquerda estaria esperando para lutar contra o governo? Grande parte da esquerda está esperando um motivo dentro da legalidade para dessa maneira pedir o impeachment de Bolsonaro e dessa maneira só vai encontrar quando setores da direita que deu o golpe resolver fazer isso.
O impeachment (apesar de não defendermos, mas defendemos a derrubada pela população nas ruas) é um processo político, como qualquer outro processo, que só vai ser aceito pela direita para evitar a derrubada do regime político, como uma maneira de se manter no poder.
Dizer que vai derrubar o presidente da república porque deu uma declaração absurda, não importa o que seja, é muito estranho e não vai dar em nada. Essa motivação moral não vai mobilizar ninguém e muito menos irá derrubar Bolsonaro.
A motivação para derrubar Bolsonaro tem que ser política, a acusação tem que ser política, como por exemplo o aumento da pobreza, destruição do Bolsa Família, fim do programa Mais Médicos, desemprego. A motivação de sua derrubada tem que ser que é um inimigo do povo e dos trabalhadores, e não porque falou alguma coisa que desagradou a Folha de São Paulo. Até porque ninguém gosta da Folha ou dos meios de comunicação da imprensa burguesa.
Existe a necessidade de criticar todas as medidas contra a população que Bolsonaro tomou, inclusive como os crimes de responsabilidade, como o próprio Psol denunciou, mas não tomou nenhuma medida como no caso da compra de votos dos parlamentares na liberação de emendas no ano passado para a reforma da previdência. Mas a esquerda nem de maneira legal e constitucional faz isso.
Um bom exemplo é o impeachment de Dilma Roussef que a direita protocolou pelo menos 30 pedidos de impeachment pelos mais diversos motivos e pessoas. Fizeram isso porque estavam numa campanha aberta para derrubar o PT da presidência e implementar suas medidas de ataque a população.
O problema das direções da esquerda é que não quer derrubar Bolsonaro. Mesmo com a desculpa esfarrapada que a população apoia Bolsonaro ou que o povo não se mexe, dentro do parlamento é perfeitamente possível e fácil de impetrar um processo de impeachment, mas nem isso. Por isso, se aproveitam de um ataque a jornalista da golpista Folha para adotar uma discussão moral que sabem que não vai dar em nada.
Mesmo no parlamento, onde as direções da esquerda se encontram, a paralisia é total. Fato que confirma a tese de que não querem derrotar o governo Bolsonaro e a extrema direita.