O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) lançou uma pesquisa que concluiu que mais de um milhão de jovens entre 16 e 17 anos de idade estão aptos para votar, o que representa um número de eleitores nesta faixa etária 50% menor do que em 2016, na época do golpe de Estado.
Enquanto se lamenta os baixos números de votos vindo desses estudantes, na faixa etária onde o voto não é obrigatório, culpam-se estes estudantes por não terem o “conhecimento suficiente para eleger um candidato”. É o que propõe Daniel Medeiros, doutor em Educação Histórica e autor do livro “Um guia prático sobre Democracia para Jovens”. Ou Pior, culpam estes jovens, outrora ignorantes, misteriosamente incapazes de adquirir a famosa “educação política”, de simplesmente desinteressados no futuro de suas cidades e de sua “pátria”.
A realidade dos números do TSE representa, na verdade, a educação política, pois os estudantes, presenciando o golpe de 2016, e o impeachment forçado contra a presidenta eleita democraticamente, compreenderam que a democracia é uma farsa. Os jovens, na verdade, estão atraídos pela política, porém não a do viés eleitoral, afinal, o que atrai os jovens para a política é a defesa dos seus interesses concretos.
A AJR por exemplo, o segmento da juventude do PCO, tem uma pauta distinta que visa conquistar as reivindicações da categoria estudantil, posicionando-se contra a destruição do Ensino Público, contra o retorno das aulas, que representa uma política genocida, até o fim da pandemia e a vacinação massiva da comunidade escolar. Contra a farsa do EAD, que significa pra maioria dos estudantes brasileiros a perda do ano letivo, e também contra o ano letivo. Uma das reivindicações mais significativas da categoria estudantil é a expansão do ensino público e sua gratuidade garantida, o fim do vestibular do ENEM, representando o livre acesso ao ensino superior, a democratização da universidade com a implementação do governo tripartite, e muitas outras que o Programa da AJR defende.
O partido da Causa Operaria, tendo essa crescente radicalização dos jovens brasileiros, causada pela irrealidade escancarada desde 2016 da democracia brasileira, participa das eleições municipais de 2020 com uma série de candidaturas jovens que representam essas reivindicações. Essa presença da juventude no programa eleitoral do PCO é uma resposta à crescente radicalização dos estudantes, como vemos nas greves dos secundaristas de Brasília, que não se deixaram levar pela política pequeno-burguesa. As escolas são pontos de fácil radicalização de jovens frente às políticas de direita. Isso se torna claro tanto no passado quanto nos dias de hoje, em meio a pandemia, quando vemos secundaristas organizando greves e piquetes contra as medidas mais direitistas do governo Bolsonaro, posicionando-se contra o EAD, a volta às aulas e pela suspensão do calendário escolar de 2020.
Mesmo que os Estudantes brasileiros não participem ativamente de campanhas eleitorais de variados partidos de esquerda, isso não significa que os estudantes estão, de uma forma ou outra, despolitizados. Muito pelo contrario, os estudantes estão participativos na luta pelos interesses de sua categoria e da classe trabalhadora, e em sua maioria, estão se posicionando pelo Fora Bolsonaro.