O ex-prefeito da maior e mais importante cidade do país, o petista Fernando Haddad, também segundo colocado na eleição presidencial de 2018, declarou à jornalista Miriam Leitão, do canal Globonews, que não pretende disputar a eleição municipal da capital paulista em 2020. De acordo com o ex-prefeito, seu projeto imediato seria a reunião do que ele vem chamando de “centro progressista”. “O PT está passando um ano de se repensar. Vai ter um Congresso Nacional, vai se reposicionar, fazer balanço dos governos, acertos e erros, futuro” (Exame, 19/07).
Chama a atenção, de imediato, neste momento de ofensiva e ataque sem igual do governo Bolsonaro contra o país e a maioria explorada da nação, o fato de um dos expoentes do principal, maior e mais importante partido de oposição (PT) ter suas “preocupações” dirigidas para as eleições municipais de 2020, onde sequer há qualquer garantia – diante da evolução da crise – de que serão mesmo realizadas. A questão assume particular gravidade se considerarmos o fato de que toda a movimentação de Haddad vai no sentido não de organizar e preparar o partido para o enfrentamento contra Bolsonaro e o golpistas; não para intensificar a luta pela liberdade do ex-presidente petista Lula; mas para estruturar uma “aliança informal”, onde fariam parte o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), o ex-governador da Paraíba Ricardo Coutinho (PSB) e o ex-candidato a presidente Guilherme Boulos (PSOL).
Fernando Haddad vai ainda mais longe, pois pretende incorporar ao seu “centro progressista” setores da Rede e do PSDB, que, segundo ele, estariam insatisfeitos com a “guinada à direita” (idem, 19/07) dos tucanos. Aqui, gostaríamos de perguntar ao ilustre ex-candidato que desejou “sucesso e boa sorte” ao fascista Jair Bolsonaro o que exatamente quer dizer “guinada à direita” do PSDB. Em algum momento os tucanos bateram asas à esquerda? Os tucanos já estiveram, em algum momento, abrigados em algum ninho esquerdista, progressista? Obviamente que não. O PSDB não só foi o partido que mais estragos causou ao país e à economia nacional durante o período em que que esteve à frente do executivo (década de noventa), sob o comando do sociólogo entreguista FHC, como mais recentemente foi um dos pilares do movimento golpista que não só depôs de forma arbitrária e inconstitucional o governo petista eleito em 2014, como foi o responsável direto pela eleição fraudulenta do candidato de extrema direita Jair bolsonaro, fantoche do imperialismo, da burguesia, genuíno representante da extrema direita nacional e de tudo o que há de pior e mais reacionário no cenário político nacional.
Caracterizar como “progressista” uma frente composta por legendas que apoiaram o golpe, como o PSB, e mais ainda, o partido (PSDB) que esteve na linha de frente da conspiração golpista que derrubou o governo da presidente do próprio partido de Haddad, nos obriga a declarar abertamente que o ex-ministro dos governos petistas está de mãos dadas com os inimigos mortais não só do seu partido, mas de todo o povo brasileiro e do eleitorado nacional que votou no PT em 2014 e que desejariam votar em Lula em 2018. Sem o articulador de uma aliança com os setores mais antidemocráticos, reacionários e direitistas da política nacional é condenar e anular toda e qualquer perspectiva de reação e luta contra os golpistas, contra o governo Bolsonaro, a extrema direita e o imperialismo.