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A vida do refugiado

O que ficou para trás

Terror, medo e culpa, o filme narra o pesadelo que é a vida dos refugiados

Assisti, recentemente, a um filme chamado His House (em inglês), que no Brasil ganhou o nome de “O que ficou para trás”. Ele relata, de maneira ficcional, o martírio dos africanos que tentam fugir das mazelas de seus países, como a fome e a guerra civil, para tentar a vida, como refugiados, na Europa, no caso do filme, a Inglaterra.

Surgiu como uma sugestão de filmes de terror, que tanto assisto, por aparentemente tratar de um demônio, uma entidade africana, que persegue os africanos que saíram de seus países devendo alguma coisa. Esse demônio atormenta Bol (Sope Dirisu) e Rial (Wunmi Mosaku) em sua residência na Inglaterra, durante quase todo o filme, através de aparições, tanto dele próprio, quanto das vítimas do naufrágio do barco que levou os africanos do Sudão do Sul para a Europa.

A atenção é destacada para essas aparições, finalmente, é um filme de terror e são boas também. Os cortes de claro-escuro, as sombras, e a cena dos rostos negros dentro das rachaduras da parede… enfim, no quesito, somente, de terror, recomendo. 

Mas ao final, pensando a respeito, o terror é todo outro. Os africanos, assolados pelos imperialistas, são forçados a sair de seus países. Não dá para imaginar a tristeza e o horror de você ser forçado, pela guerra ou fome, a sair do Brasil, por exemplo, e encarar uma jornada mortal pelo oceano.

A tal guerra entre os africanos, as intermináveis guerras civis, todas, nunca são explicadas pelo o que de fato são: guerras financiadas pelo imperialismo no continente. A desgraça que vive o povo africano é culpa, tão somente, das potências imperialistas.

O tratamento dado aos personagens Rial e Bol na Inglaterra é sub-humano: eles são recebidos como “não cidadãos”, o que é dito expressamente, e que, na verdade, não se sabe quando serão cidadãos. Não podem fazer festa, churrasco, beber, jogar com ou sem bola, jogar nada, precisam “se adaptar” e ser “agradáveis”. Não podem, sequer, trabalhar. Uma situação tão perturbadora que, efetivamente, em algumas cenas você se perde em saber o que é ou não realidade, os próprios personagens não sabem mais. Eles não podem fazer nada, são tolerados em um país que destruiu, por interesses econômicos, seu lar. É um estado de exceção e a chegada à Inglaterra se revela em um verdadeiro inferno na vida deles.

É de se destacar que Rial faz uma série de críticas ao longo do filme, contra os imperialistas ingleses e seus costumes. Critica o próprio marido, que, segundo ela, adora os ingleses e suas migalhas, ele tenta se enturmar de uma maneira mais rápida. Em uma cena, Bol canta, junto com outros ingleses, brancos, em um bar, a música de um time de futebol inglês.

O casal recebe uma casa caindo aos pedaços, perigosa, e que é alvo de revistas regulares do Estado. Os agentes públicos responsáveis por todo esse processo mantém, propositalmente, um ar de repulsa e despreocupação diante dos problemas apresentados por eles, ao longo do filme inteiro. Querem dar a impressão de que é “um saco” ter de trabalhar com esses africanos e que quanto antes eles saírem de lá, melhor. 

O título em inglês, à primeira vista, diz respeito a casa ser tomada pelo demônio, a casa é dele, do cobrador sinistro, até que a dívida, que ele cobra pesadamente, seja paga. Mas, na verdade, o título quer dizer que a casa que eles estão nunca pertencerá a eles, é o lar de outros, de ingleses, não de Bol e Rial. 

A dívida cobrada pelo demônio, diante disso tudo, é secundária. São assustadoras a sua forma, as suas aparições, a perturbação causada. Mas o terror não está aí. O terror está na situação geral do refugiado, ainda mais nos tempos atuais. Classificado como ficção nos cinemas, His House é uma típica obra de denúncia social, que se utilizou (e bem) de outros meios para fazê-lo.

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