Desde o dia 15 de maio, ficou evidente que a derrubada do governo Bolsonaro é uma reivindicação popular, apoiada amplamente pelos setores que estão se rebelando contra os ataques dos golpistas. Com mais de um milhão de pessoas nas ruas clamando pela queda de Bolsonaro e com a crise interna profunda do próprio regime político, o governo se encontra praticamente liquidado.
O único elemento que falta para que o governo caia de vez é que a mobilização dos trabalhadores e setores democráticos se amplie e se unifique em torno da palavra de ordem de “Fora Bolsonaro”. Na atual etapa, não sair às ruas decididamente para derrubar o governo é uma capitulação – na prática, serve aos golpistas como ferramenta para salvar um governo em estado de liquidação.
A oposição à palavra de ordem de “Fora Bolsonaro” corresponde, portanto, à política do “Fica Bolsonaro”. É, portanto, uma política contrária aos interesses dos trabalhadores e de colaboração com um regime político apodrecido.
Como Bolsonaro é uma figura fascista e impopular, os setores da esquerda que defendem o “fica Bolsonaro”, obviamente, não anunciam explicitamente essa palavra de ordem. Ao invés disso, criaram uma série de malabarismos para justificar a injustificável sustentação do governo Bolsonaro.
Dentre os vários discursos em defesa da permanência do governo Bolsonaro, podemos citar: o de que o país é um avião e Bolsonaro é o piloto, o de que ninguém tem nada a ganhar com a queda de Bolsonaro, o de que “Fora Bolsonaro” é uma palavra de ordem da burguesia, o de que fazer uma campanha pela queda de Bolsonaro seria repetir o que Aécio Neves fez com Dilma Rousseff etc.
Por trás de todos esses argumentos, há uma mesma orientação política: se a população morrer de fome e for massacrada pela repressão do Estado, se todas as empresas estatais caírem nas mãos do imperialismo, se todos os partidos de esquerda forem colocados na ilegalidade, a população deverá, como reação, aguardar pacientemente o ano de 2022 para tentar eleger algum político que, eventualmente, ponha fim a todos esses ataques.
Além de desastrosa, a política do “Fica Bolsonaro” é, também, completamente mentirosa. Afinal, se Bolsonaro governar durante quatro anos e não encontrar nenhuma força em sua oposição, o regime político golpista se aprofundará ainda mais e a eleição de um candidato de esquerda se tornará ainda mais difícil.
Os atos dos dias 15 e 30 de maio mostraram a forte tendência à mobilização. Os atos convocados por Bolsonaro no dia 26 de maio, por outro lado, mostraram a total desagregação da base social do governo. Por isso, é preciso ir para as ruas pelo “Fora Bolsonaro”, pela liberdade de Lula e por eleições gerais!