O golpe de Estado de 2016, perpetrado contra o governo petista eleito pelo voto popular em 2014, fez emergir todas as mais agudas contradições do regime burguês, já marcado pelos profundos antagonismos inerentes às sociedades de classes e exacerbada pelas particularidades do capitalismo nacional, onde se destacam as desigualdades sociais, os desequilíbrios regionais e a incapacidade da burguesia nacional em oferecer qualquer mínima saída progressista para o atraso econômico, a dependência e a opressão do país pelo imperialismo.
Nestes quatro anos que marcam a ofensiva reacionária da burguesia golpista, da extrema direita e do imperialismo, o país vem sendo levado a um completo estado de destruição, onde o que se constata é uma política de completa terra arrasada contra a economia nacional, um brutal e selvagem ataque às condições de vida da maioria explorada da nação e um submetimento ainda maior do país ao grande capital internacional, onde os golpistas promovem um verdadeiro leilão das empresas brasileiras (Petrobrás, Embraer, Eletrobrás e outras), estratégicas para o desenvolvimento nacional.
Diante deste verdadeiro estado de descalabro, caos e tragédia nacional, aparece como piada ou mesmo como uma brincadeira se pronunciar a palavra “pacificação”, que no último período vem surgindo com frequência cada vez maior no vocabulário, não da direita fascistóide, mas nas colocações e pronunciamentos de um setor da esquerda nacional, que deseja tapar os olhos à inominável barbárie que vem sendo realizada pelos golpistas contra os interesses nacionais, contra o país e a população pobre e explorada.
Estabelecer qualquer política de pacificação em um momento de ilimitada ofensiva do bolsonarismo e das forças reacionário-golpistas contra oas direitos e as conquistas dos trabalhadores e das massas populares; no momento em que o governo Bolsonaro leva adiante uma brutal política de ataques a todos os mais elementares direitos sociais (pacote anticrime, prisão em segunda instância, perseguição à esquerda, reforma trabalhista e previdenciária), falar em pacificação neste momento é nada mais do que se submeter, se prostrar diante dos maiores inimigos do povo trabalhador e do país. Nem mesmo se tudo isso fosse ignorado, fosse desconhecido, seria possível pacificar o país, pois a política dos golpistas, da extrema direita e do imperialismo é de guerra contra a população, é uma política de destruição do país e da economia nacional.
Portanto, a política de “pacificação” é uma política reacionária, direitista, que procura chegar a um acordo com os golpistas, com o bolsonarismo e a extrema direita; dos que querem a destruição do país, dos que desejam o massacre da população pobre e explorada, dos que querem a prostração das massas diante dos mais brutais ataques de um governo burguês em toda a história do país.