Há algumas semanas, iniciou-se uma ampla campanha de “conscientização” acerca da situação do coronavírus no Brasil. A imprensa burguesa tem divulgado dados com a ideia de que a pandemia já está controlada em nosso país, apontando para a estabilidade no número de mortes. Em São Paulo, especialmente, esse tipo de propaganda tem apresentado um caráter quase que irônico: há um mês, era o epicentro da doença no país. Agora, está em situação estável?! Decerto que esse tipo de análise não pode nos cheirar bem.
Antes de tudo, precisamos nos perguntar: o que fez o governo de Dória para “salvar” São Paulo e garantir o controle da doença no estado? Bom, em primeiro lugar, instituiu uma quarentena frouxa, na qual os trabalhadores continuaram indo às ruas diariamente para que não morressem de fome. Ponto positivo para Dória. Alguns meses depois, reabriu todo o comércio, fazendo com que os trabalhadores paulistas ficassem cada vez mais expostos ao vírus, o que resultou na morte de mais de 30.000 pessoas. Mais um aspecto positivo de sua administração.
Nesse sentido, fica evidente que, para solucionar a pandemia, Dória não mexeu absolutamente nenhum dedo. Muito pelo contrário, foi responsável por um agravamento da doença, transformando a cidade mais populosa do país no centro – quase que mundial – do novo coronavírus. Portanto, de onde estão surgindo os número misteriosos divulgados por jornais como o G1 e a Folha de São Paulo? Precisamos ser críticos quanto à esses dados nesse momento. O ponto é que existe um claro motivo para esse tipo de campanha: a volta às aulas presenciais.
Desde o começo da pandemia, o mundo e, destacadamente, o Brasil, vive uma recessão sem precedentes. O capitalismo como um todo, passa por um de seus estágios mais avançados de decadência, com a crise sanitária acentuando todos os sintomas de sua inevitável falência. Por conseguinte, a burguesia tem feito de tudo para reduzir suas perdas e garantir a retroalimentação do capital, custe o que custar. A volta às aulas presenciais, assim como a reabertura do comércio, vêm nesse sentido. É um meio de garantir que a crise não se aprofunde tanto por meio da movimentação do capital, por mais que signifique a morte de milhões de pessoas. Afinal de contas, a juventude, quando em período letivo, é responsável por boa parte do consumo feito pela população, gastando com transporte, materiais, alimentação, entre outros.
É por isso que precisamos ser absolutamente céticos quanto aos dados apresentados pela imprensa burguesa. Não passa de uma manobra para garantir que os grandes capitalistas não percam ainda mais dinheiro. Afinal de contas, como visto, não existe absolutamente nenhum motivo para que a pandemia esteja chegando a um nível estável, principalmente em São Paulo. A própria Fiocruz, inclusive, já colocou que, devido à subnotificação, os números apresentados pelo governo precisam ser mais do que dobrados para termos uma noção real da situação do país.
Portanto, é imprescindível que a farsa do governo golpista de Dória e Bolsonaro seja denunciada de forma categórica. Sua política genocida, atrelada ao poder da imprensa burguesa, serão – como vem sendo até agora – responsáveis pela morte em massa da juventude e da classe trabalhadora. É preciso ir às ruas, lutar pelo fora Dória e pelo fora Bolsonaro. É a única forma de garantir uma saída real para a crise, procurando reduzir os danos causados pela burguesia imperialista que comanda o Brasil. O contrário só pode resultar numa chacina nunca antes vista, e não é preciso ser vidente para entender isso.