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Não há vácuo na política

O programa eleitoral de Trump e as consequências para a esquerda

Trump reaparece e apresenta programa ideológico para solucionar os problemas da crise, enquanto esquerda fica a reboque de Biden

Voltando a falar em público neste domingo, o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que sua jornada está “longe do fim”. Anunciando de maneira indireta sua candidatura para 2024, Trump lançou um programa para a crise nos EUA, buscando reunir sua base em todo país.

Um programa ideológico

O programa em questão mostra que em todo este último período, desde que fora retirado da presidência dos Estados Unidos, Trump vinha preparando sua plataforma política. Em discurso, Trump afirmou que “Eles [democratas] perderam a Casa Branca em novembro. E quem sabe, quem sabe, posso decidir derrotá-los pela terceira vez”.

Dentre os pontos, o problema da imigração aparece como um dos destaques. Trump coloca não apenas declarações racistas, como também um problema econômico: a imigração é a mão de obra barata nos Estados Unidos, ao mesmo tempo que em meio a crise e o desemprego em larga escala no país, provoca uma perda de emprego por parte dos trabalhadores norte-americanos.

Sob a colocação de que “todos sabíamos que o governo Biden seria ruim, mas não sabíamos o quão ruim seria e como ele iria para a esquerda”, Trump busca atacar a esquerda identitária norte-americana, por ela meramente defender os imigrantes e não resolver o problema dos empregos perdidos pela classe trabalhadora norte-americana.

Nesse sentido, a extrema-direita busca se utilizar do fato de que os imigrantes, sendo mão de obra mais barata, “roubam” os empregos dos trabalhadores norte-americanos.

Qual deve ser a resposta da esquerda?

A colocação em si não passa de uma meia-verdade. De fato a imigração é a mão de obra barata no país, contudo este problema está ligado diretamente a política de exploração dos capitalistas, e não do imigrante em si. Trump, no entanto, cresce em uma das muitas lacunas deixadas pela esquerda norte-americana. Como a esquerda não apresenta um programa, que com base nos sindicatos garanta um salário igual aos imigrantes e um plano para o desemprego, Trump atrai uma parcela de classe operária esmagada e desempregada, a mais atrasada do setor, para o seu lado.

A política que deveria ser colocada pela esquerda norte-americana, deveria ser de uma garantia total de empregos para os cidadãos locais e os imigrantes. O que Trump propõe, por mais direitista que seja, é uma resposta concreta a problemas reais. Dessa maneira, enquanto o problema persistir e a esquerda não tiver um programa à altura, a extrema-direita apenas crescerá.

No mesmo sentido, Trump ataca o que ele chama de “lunáticos”, que é a esquerda norte-americana. Se apoiando justamente na critica ao identitarismo, política associada a esquerda pequeno-burguesa e extremamente impopular na classe operária, o ex-presidente busca atacar justamente o ponto fraco da oposição pequeno-burguesa, ou seja, sua associação com o principal setor do imperialismo.

Assim, o ex-presidente aproveita a campanha demagógica e identitária “pró-imigrantes” da esquerda pequeno-burguesa à reboque do imperialismo, e ataca o setor de conjunto. A falta de programa atrelada a uma defesa superficial do problema faz da esquerda um alvo fácil para a extrema-direita.

Monopólios e a crise

Além disso, após ser atacado e censurado pelos grandes monopólios que controlam de maneira ditatorial todo conteúdo na internet, Trump colocou-se frontalmente contra estas organizações e declarou que “chegou a hora de acabar com os monopólios das grandes empresas de tecnologia e restaurar a concorrência justa”. Sua declaração, ainda critica a censura feita as “vozes conservadoras”, nas redes sociais, assim como o banimento de todas as suas principais contas.

O anúncio desta espécie de “guerra contra os monopólios”, por mais demagógica que seja por parte Trump, atrai diversos setores da população norte-americana. Os monopólios são os responsáveis diretos pela política de censura e massacre a população, além disso, coloca toda a esquerda norte-americana em um beco sem saída: ou junta-se totalmente a Biden no apoio aos monopólios, o que seria uma falência política total, ou é obrigada a romper com o imperialismo e lançar uma política própria, em defesa do controle dos trabalhadores das empresas, uma alternativa para a classe trabalhadora, e muito mais real, ao programa apresentado por Trump.

Outro ponto importante, apresentado no programa geral de Donald Trump, foi o impulso para algo como uma “insurreição dentro do partido Republicano”. Trump atacou diretamente setores contrários a ele dentro do partido, e anunciou, com base sua popularidade interna, uma guerra para o controle de todo aparato partidário.

Com grupos de ação de extrema-direita, Trump pretende tornar-se completamente independente do setor mais próximo aos democratas dentro do partido, ou seja, o principal setor do imperialismo nos republicanos, e desenvolver um grupo de ação próprio, capaz de levar a frente sua campanha para 2024.

Trump também anunciou que irá entrar em conflito direto nas eleições locais com aqueles que foram favoráveis a fraude eleitoral que elegeu Joe Biden em 2020. Este anuncio, reflete bem o grau de radicalismo e polarização que atinge o principais país imperialista no mundo.

Dos EUA ao Brasil

Acima de tudo, é importante frisar que tudo que Trump pretende fazer, Bolsonaro seguirá no mesmo sentido no Brasil. Com a falta de política própria por parte da esquerda pequeno-burguesa, e sua adesão a política levada a frente pelos falida grande burguesia, a extrema-direita cresce em ambos os países e torna-se para os setores mais atrasados uma alternativa para crise. O exemplo brasileiro, é perceptível quando se trata do problema da reabertura e do lockdown. A população, não concorda com o lockdown, com a repressão e o fechamento dos postos de trabalho quando não há garantias de sobrevivência.

Contudo, a esquerda, ao invés de defender um salário mínimo real, que possa sustentar as famílias enquanto estas não são obrigadas a trabalhar em plena pandemia, defende a atitude de repressão da população por parte da burguesia. Nesse âmbito, a extrema-direita cresce, defendendo a abertura em nome do “trabalho da população”, uma medida absurda e demagógica, porém, a única apresentada para a população sobreviver na pandemia.

Nenhum ponto do programa de Trump irá resolver qualquer problema para os trabalhadores norte-americanos, assim como no caso de Bolsonaro no Brasil; no entanto, revela que com a paralisia da esquerda, a extrema-direita tem caminho aberto para crescer.

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