A situação política do Brasil está polarizada. Isso significa que há um significativo deslocamento da população para a esquerda, uma crescente tendência à mobilização, na medida em que os trabalhadores e suas organizações entram em conflito direto com o aparelho econômico, político, ideológico e repressivo da direita. As grandes mobilizações do mês de maio e do dia da Greve Geral (14 de junho), mostraram isso.
Além disso, em todos os locais com o mínimo de aglomeração popular, Bolsonaro é vaiado, xingado e repudiado pela população. Nos bailes funk do Rio de Janeiro, nos Carnavais por todo o País, em eventos de música, na parada LGBT e, é claro, nos jogos de futebol, não faltam os gritos de “fora Bolsonaro”ou “ei Bolsonaro vai tomar no cú”.
O repúdio contra Bolsonaro chegou a colocar mais de um milhão de pessoas nas ruas no dia 15 de maio.
Desenvolvem-se as condições mais adequadas para esquerda impulsionar a luta contra o governo. Derrotar de uma vez por todas o golpe e todas suas consequências, como as reformas, as privatizações, as fraudes e assim por diante. Porém, tal fato não ocorre por conta da falta de orientação política do movimento e da política desmobilizadora das direções.
Setores da esquerda ainda têm ilusões nos discursos de deputados, conversas de gabinetes e nas instituições, de forma generalizada. Acreditam que esses malabarismos, que não passam pela mobilização dos trabalhadores, poderiam mudar o rumo da situação política.
A ideia de colocar todo o movimento à reboque do PSDB, DEM, PMDB e outros partidos ditos “democráticos”, como o PDT e o PSB, está em alta com a política de alianças estabelecidas pela direita burguesa e pequeno burguesa que buscam influenciar o movimento operário, como o PCdoB e toda uma ala direita do PT, além do PSOL.
É a tentativa de uma “frente ampla” que já fracassou em períodos anteriores. Desta forma, não se coloca as esperanças na organização e mobilização operária e popular, mas nos conchavos políticos com os inimigos da população, os golpistas e seus partidos.
Esses partidos não têm nenhum compromisso com a população, nem com nenhum direito democrático. Percebeu-se isso na votação da reforma da previdência, uma questão democrática fundamental, pois diz respeito à sobrevivência e à aposentadoria da população. Os “aliados” votaram com os inimigos para roubar as aposentadorias e fazer o povo trabalhar até morrer.
A única política correta no momento é aquela que está sendo expressa pela população. Em todos os lugares, nas ruas, nos estádios de futebol, nos eventos e assim por diante, o que se houve é “Fora Bolsonaro” – ou variações da mesma palavra de ordem – e “liberdade para Lula”.
É preciso ouvir a voz do povo. Ocupar as ruas até derrotar o golpe e toda a direita!