O impeachment de Dilma foi ilegal, a prisão e impedimento de Lula foram políticos e sem provas, as eleições foram fraudulentas e o governo Bolsonaro é ilegítimo. O golpe está tão escancarado quanto o governo golpista está fraco. As camadas populares mais conscientes já estão nas ruas em cada ato pedindo a deposição imediata de todos os golpistas, a liberdade para Lula, a realização imediata de eleições gerais conduzidas pelo povo e não pelas instituições golpistas.
No próximo dia 7 de abril, domingo, completa-se um ano desde que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi trancafiado numa masmorra de Curitiba pelo juiz federal Sérgio Moro – o Mazzaropi da Odebrecht. O caráter político e golpista de sua sentença ficou definitivamente atestado quando Moro recebeu a pasta da Justiça no gabinete encabeçado pelo presidente fascista Jair Bolsonaro. À frente desse ministério, o ex-juiz pode não apenas intensificar as perseguições políticas encomendadas pelo imperialismo, já que tem sob seu comando as forças de repressão da Polícia Federal, como também pode jogar duro pelo controle e extinção dos sindicatos e das centrais, já que também acumula as atribuições do hoje extinto Ministério do Trabalho.
Após um ano da prisão de Lula, todas as ilusões nas instituições caíram por terra. Fracassaram os recursos judiciais, fracassou o Plano B eleitoral. O Parlamento está dominado por direitistas da pior espécie. É completamente descabido, por isso, fazer uma mera oposição parlamentar ao governo Bolsonaro. De nada servem discursos inflamados de demagogos nos plenários, de nada servem lives de impacto nos corredores do Congresso, de nada servem atos com meia-dúzia de assessores levantando cartazes nas comissões. Essa arena de disputas não apenas está esgotada, como também está completamente tomada pelas forças golpistas.
O principal desgaste sofrido pelo governo fascista de Jair Bolsonaro, na verdade, está nas contradições internas entre os próprios grupos golpistas. A burguesia nacional e o imperialismo norte-americano se digladiam pelo mando de campo. O caráter predominantemente entreguista das propostas de Bolsonaro já começaram a atingir os setores produtivos brasileiros – sobretudo o agronegócio. Os jornais da imprensa direitista vêm tratando Bolsonaro como verdadeiro inimigo, abrindo fogo pesado contra o fascista e elementos centrais de seu ministério. Tal conflito interno reduziu substancialmente a capacidade de ação do governo golpista, levando a um aprofundamento da crise econômica e do desemprego.
É um verdadeiro barril de pólvora prestes a estourar.
Porém, se a classe trabalhadora não se mobilizar e não mudar a relação de forças políticas, a burguesia seguirá com mando de campo, e resolverá o problema Bolsonaro neutralizando de algum modo o caráter mais entreguista de sua gestão, e distribuindo os ganhos sobre a população brasileira entre empresários e banqueiros estrangeiros e brasileiros.
Evidentemente, os elementos mais direitistas e atrelados ao Estado dentro da própria esquerda procuram alinhar-se com essa saída institucional cujo resultado nada mais seria que o aprofundamento do golpe com outra roupagem. São esses os que advogam a legitimidade do mandato de Bolsonaro. São esses ainda os que buscam refrear a mobilização popular. A militância e a classe trabalhadora, porém, sabem que a única forma de derrotar o golpe é nas ruas.
As demonstrações mais cabais dessa tendência à mobilização puderam ser vistas no amplamente difundido grito de Fora Bolsonaro no carnaval, nas paralisações contra a reforma da Previdência do último dia 22 de março, nos atos amplamente disseminados contra a celebração do golpe de 1964 proposto por Bolsonaro.
O aniversário de um ano da prisão do presidente Lula é uma oportunidade de, em cada cidade, reforçar a palavra de ordem de Liberdade para Lula. Procure os comitês de luta contra o golpe mais próximos! Organize-se! Panflete! Participe da construção dos atos que ocorrerão em todo o país no domingo, dia 7! É hora de fazer avançar definitivamente na pauta de reivindicações:
Fora Bolsonaro e todos os golpistas!
A esquerda deve exercer seu poder político real, que está em sua capacidade de organização e de mobilização da classe trabalhadora na luta por seus direitos.