Em 2016 uma ampla campanha para a derrubada de Dilma Rousseff era arquitetada pela imprensa golpista e setores da burguesia nacional e o imperialismo. Segundo o jornal Folha de S. Paulo, 50% da população brasileira queria que Michel Temer concluísse o mandato de Dilma Rousseff e ficasse na presidência até 2018. Assim foi levada a campanha pelo golpe de Estado que destituiu Dilma Rousseff e o PT, atacou a esquerda e as organizações dos trabalhadores para retirar direitos, aplicar o ajuste e todo o programa neoliberal no Brasil, tirou Lula das eleições e elegeu Bolsonaro: com mentiras repetidas por todo o monopólio da imprensa capitalista, Globo, Estado de S. Paulo, Veja, Istoé e, porque não, com a cegueira política da esquerda. Porém, o PCO viu a ofensiva golpista anos antes, e reforçou a farsa que era o processo do mensalão, e o processo de impeachment de Dilma Rousseff.
A farsa do mensalão
Quando o julgamento do mensalão foi realizado no STF, em 2012, o PCO identificou ali que estava em marcha um golpe de Estado no Brasil. Essa política foi resultado de uma análise da situação no Brasil, mas também da situação internacional. Já era claro naquela época, que o imperialismo estava colocando em prática uma política de golpes de Estado em todos os países atrasados. A maior parte das pessoas e dos grupos políticos não faziam menção ao golpe. Até mesmo dentro do PT, alguns consideraram o julgamento do mensalão como algo “dentro da normalidade”. O grupo “ético” do PT considerou que não era uma ação política, mas que realmente seria necessário julgar e condenar os que supostamente haviam roubado.
Quando o PCO começou a falar em golpe de Estado, a maioria dos grupos da esquerda pequeno-burguesa dizia que era “delírio”, usando argumentos como o de que o Brasil tem uma “democracia sólida”, que o imperialismo não queria o golpe, que o governo do PT era mais amado pela burguesia do que a direita. Com o desenvolvimento do processo golpista, esses argumentos, que foram muito usados pelos “sérios” políticos e “intelectuais” da esquerda pequeno-burguesa, ficam parecendo piada.
Essa dificuldade em enxergar o golpe e a luta em curso foi um resultado da orientação política desses grupos que na realidade são fiéis adoradores do sistema parlamentar e do regime político burguês. Como esses grupos da esquerda pequeno-burguesa têm ilusões nas eleições, no Parlamento, na democracia etc. eles acreditam, e acreditaram, que esse sistema irá permanecer eternamente. Acreditam nisso, em grande medida porque fazem parte do próprio sistema político da burguesia.
O golpe de estado de 2016
Em 2013 o PCO antecipou o golpe de estado contra Dilma, três anos antes do fatídico acontecimento. Em um vídeo da época, que ainda está no canal do YouTube da Causa Operária TV, o companheiro Rui Costa Pimenta, presidente nacional do PCO faz uma análise certeira: “A direita fez campanha contra Dilma Rousseff desde o início com o objetivo de enfraquecer o PT. Para a burguesia era fundamental enfraquecer o governo de Dilma Rousseff por vários motivos: eles tinham a ideia de dar um golpe de estado”.
A oposição ao governo de Dilma Rousseff vinha, sistematicamente, desde o momento em que foi anunciado o resultado das urnas, em 2014, buscando um caminho para retirá-la do cargo de Presidenta da República, para o qual se elegeu com o voto de 54 milhões de brasileiros e de brasileiras.
Desde o primeiro dia de seu governo, a direita derrotada afirmava para seus eleitores que não iria permitir que a Presidenta Dilma governar. Desse boicote sistemático, participavam parte do parlamento brasileiro, assim como parte do Judiciário, o que colocou em risco a frágil democracia brasileira, tendo em vista que em toda a nossa história não tivemos mais do que quatro mandatos consecutivos, eleitos democraticamente.
Com a votação e aprovação do impeachment no Senado, o País assistiu a um espetáculo inusitado. Uma presidenta da República, sem nenhuma acusação de corrupção contra ela, foi condenada por um Senado que tem pelo menos dois terços dos senadores envolvidos em processos de corrupção.
O fato de que, mesmo com toda essa operação, não conseguiram encontrar nada contra Dilma Rousseff, deixa o golpe de Estado muito mais escancarado. Um Senado e uma Câmara corruptos derrubaram um mulher, depois de uma campanha contra a corrupção, que não tem nada de corrupção que pese contra ela. Contra a campanha golpista, o PCO se mobilizou de diversas maneiras: atos, textos, programas de televisão, agitação e propaganda nas ruas.
A imprensa foi fundamental para o golpe. Criou o clima para que a Fiesp, Federação das Indústrias de São Paulo, a burguesia e o imperialismo articulasse o golpe. Criou heróis, mocinhos, como Sérgio Moro, e bandidos, como Lula, José Dirceu, PT, MST, CUT… Convocou as manifestações que dariam a legitimidade popular; sistematicamente deu capa, reportagens, manipulou, fraudou informações de documentos, delações e acusações, procedimentos e processos contra a presidenta Dilma Rousseff, o ex-presidente Lula, outras lideranças do PT e contra o partido como um todo.
Manipularam os números das manifestações da direita, manifestações artificiais e amplamente convocadas por essa imprensa; fraudaram os índices de popularidade de Dilma e as pedaladas foram usados para justificar o impeachment, os golpistas afirmavam constantemente que Dilma Rousseff não teria mais condições de governar.
O impeachment e a derrubada de Dilma foi um golpe de Estado. Esse é mais um episódio em que o monopólio da imprensa burguesa, dominado pela direita e pelo imperialismo, foi fundamental para determinar a história nacional. Foi assim também durante o golpe militar de 1964, quando a imprensa, até mesmo depois do golpe, corroborou com a versão dos militares de o golpe se tratava de uma revolução e da defesa da democracia.
Tudo não passou de uma farsa. Tudo está baseado em ilegalidades, arbitrariedades. Uma verdadeira fraude para manipular as informações, a opinião pública, a população para se concretizar o golpe de Estado, e colocar a extrema-direita no poder, que temos agora.
Para saber mais, assista a palestra debate com o companheiro Rui Costa Pimenta “Três anos do golpe de Estado de 2016”: