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A enganação do identitarismo

O passado racista de Joe Biden

Joe Biden, o candidato democrata nas eleições americanas de 2020, tem um longo histórico de racismo. No entanto quer se apresentar como o candidato do povo negro

No último dia 11 de agosto o candidato democrata à Presidência dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou que sua companheira de chapa na disputa contra Donald Trump seria a juíza negra Kamala Harris. Joe Biden escolheu uma mulher e especialmente uma negra para agradar setores da população americana, para identificá-lo como uma candidatura de caráter progressivo, especialmente neste momento onde as tensões raciais estão em seu auge, após o brutal e covarde assassinato de George Floyd, da execução a tiros de Ahmaud Arbery, os casos de Breona Taylor, Tony McDade e tantos outros exemplos que expuseram a perseguição policial ao povo negro.

No entanto esta tentativa de Joe Biden se tornar simpático a segmentos da população americana como as mulheres e aos negros cai completamente por terra quando se revela o passado do político.

Uma longa história de racismo

Em 1977, quando Joe Biden era senador pelo estado de Delaware ele foi veementemente contra a política conhecida como busing, ou seja, uma política de integração racial que fazia o estado disponibilizar ônibus para levar estudantes para escolas mais distantes. O estado de Delaware era um dos estados que essencialmente se recusaram a dessegregar as escolas através de uma combinação de leis e pais brancos mudando seus filhos para escolas privadas. Hoje em dia a quantidade de escolas privadas em Delaware é uma das maiores do país, composta majoritariamente de brancos. Ao mesmo tempo sempre faltam verbas para as escolas públicas de negros. Este foi o resultado da política pregada por Joe Biden.

No seu discurso no congresso em 1977 Biden enfatizou que a prática do busing iria “fazer com que seus filhos crescessem em uma selva, sendo essa selva uma selva racial com tensões tão exacerbadas que isso iria explodir em algum momento. Nós temos que fazer alguma coisa a respeito disso”.

Esta defesa de Biden contra a política do busing veio a público durante um debate entre os candidatos do Partido Democrata em 27 de junho de 2019 justamente quando a então candidata, a senadora Kamala Harris, o inquiriu sobre este assunto. Kamala expôs o racismo de Biden, ressaltando que ela própria foi beneficiada pela política do busing.

Naquela época Biden trabalhou intensamente contra o busing ao lado de dois outros senadores democratas que eram ardentemente a favor da segregação e racistas notórios, James Eastland (senador pelo Mississippi) e Herman Talmadge (pelo estado da Geórgia). Talmadge era um veemente opositor dos direitos civis e quando foi governador ordenou que escolas fossem fechadas ao invés de dessegregadas. Eastland frequentemente se referia aos negros como uma raça inferior.

Em discurso de maio de 2019 Joe Biden fez um discurso onde se desculpou a uma plateia composta majoritariamente por negros por ter trabalhado ao lado de Eastland e Talmadge e dizendo não ser racista, mas de ter lutado para o avanço dos direitos civis.

Lei de Controle ao Crime Violento

Em sua atuação pelo Senado americano Joe Biden se envolveu na elaboração de inúmeras leis sobre a criminalidade. Em 1994 ele foi o líder da Lei de Controle ao Crime violento e Aplicação da Lei, também conhecida como Lei Criminal Biden. Essa lei levou a um aumento exponencial no número de policiais e de prisões, aumento das sentenças para os condenados e criação de incentivos financeiros para manter as pessoas na cadeia. Foram criados 60 novos crimes, além de uma nova regra, a infame “três infrações e você está fora”, que condenava o infrator a uma pena de prisão pelo resto da vida para quem cometesse três crimes, mesmo crimes considerados de menor gravidade.

Desde então pessoas tem morrido na prisão por coisas como roubar um dólar em trocados de um carro estacionado, por posse de menos de um grama de droga ou por furar a fila da sopa. Não é de se espantar que todas essas leis tivessem seu maior impacto sobre a população negra, além de criar uma verdadeira indústria do aprisionamento da população.

Joe Biden e os protestos

Os recentes episódios de protestos nos Estados Unidos tornaram-se assunto constante nos discursos de Trump e Biden. Biden condenou a “violência” dos protestos dizendo que “baderna não é protesto, vandalismo não é protesto, colocar fogo não é protesto, nada disso é protesto, é tudo falta de leis, pura e simplesmente.” E continuou: “por acaso eu pareço um socialista radical com uma queda por protestos? Eu quero uma América segura, segura do Covid, segura contra o crime e o vandalismo, segura contra a violência motivada pelos conflitos raciais, segura dos maus policiais”.

O discurso de Biden deixa claro que sua política é: não proteste, vote em mim. O ideal de Biden é a maior proliferação de leis, da restrição de direitos, do aprisionamento de pessoas, do uso da força policial para conter a revolta popular. Biden não tem nenhuma política para o povo, muito menos para o povo negro que ele quer representar.

Oportunismo eleitoral

Por tudo isso fica evidente a clara tentativa de limpar o passado sujo de Biden, de seu histórico de racismo e perseguição às classes mais humildes com a presença de Kamala Harris como vice em sua chapa.

Do lado de Kamala só se pode constatar que ela é uma oportunista e carreirista. Ela já convenientemente se esqueceu de que acusou o racismo de Biden no debate de 2019 e agora está contente com o prospecto de se tornar vice-presidente com o voto dos negros e pela perspectiva de em 2024 ser indicada como candidata do Partido Democrata para a Presidência dos Estados Unidos.

Que ninguém se engane com os candidatos majoritários das eleições americanas de 2020. Donald Trump é um reconhecido fascista, mas Joe Biden é um racista e inimigo do povo americano disfarçado pela roupagem democrática e identitária. Não há saída pela via eleitoral. Trump ou Biden, ambos são apenas diferentes facetas do imperialismo.

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