“Se vocês não forem às urnas, Trump pode ganhar a reeleição”. Nestes termos, Bernie Sanders convocou uma audiência localizada nas proximidades da Universidade de Michigan, a maioria estudantes universitários, a se mobilizarem nas eleições para impedir a vitória de Trump, o que concretamente significar, votar e apoiar Biden. No evento, ocorrido no último dia 5 de outubro, Sanders avisa que se a juventude quiser liderar a luta contra o machismo e o racismo, pela construção de uma sociedade tolerante e contra as mudanças climáticas, deve reagir, “e o primeiro passo é votar”, acrescentando que “os jovens não votam em larga escala”. Mais tarde, no mesmo dia, Sanders dirigiu-se a outro público de estudantes, na faculdade comunitária Macomb, onde defendeu que irá reduzir custos no sistema de saúde e combater as mudanças climáticas.
Ceder uma candidatura construída sob a base de um forte apoio popular a um direitista como Joe Biden já tornaria Sanders, no mínimo, um elemento capitulador. Contudo, sua atuação destacada em defesa da frente ampla, formada em torno da candidatura do candidato do imperialismo, acaba por jogar o democrata na vala comum dos oportunistas, dedicados a trair a classe operária se preciso para atingir seus objetivos.
Emblemático disso, em um dos eventos da campanha transmitido pelas redes sociais, “Bernie and Halsey Discuss America” (Bernie e Halsey discutem a América), o anfitrião Halsey questionou o que um governo Biden faria a respeito da tributação maior das fortunas da poderosa burguesia americana. A audiência, principalmente jovens ligados à esquerda e ao campo progressista esperavam ouvir um comprometimento da campanha com o tema, alvo de debates acalorados nos EUA. Acabaram tendo como resposta que “a melhor forma de gastar o orçamento federal é investindo na educação e nos cuidados sanitários destinados às etapas iniciais da infância”, o que além de uma escapadela, repete uma tradicional demagogia direitista.
Através de tais manobras, Sanders está agindo como um agente central na capitulação da esquerda aos setores mais poderosos da burguesia americana, atuando abertamente para colocar a juventude, os trabalhadores e o eleitorado progressista dos EUA à reboque do direitista Biden.