A filósofa da USP, Marilena Chauí, publicou artigo no qual defende a nota assinada por vários setores da esquerda na semana passada, entre eles Fernando Haddad, Guilherme Boulos, Ciro Gomes, Flávio Dino, Roberto Requião, pedindo que Bolsonaro renuncie.
Chauí elogia a nota e afirma que o ponto mais louvável é justamente o pedido de renúncia e não de impeachment de Bolsonaro: “o Manifesto acerta ao propor a renúncia de Bolsonaro e não seu impeachment, pois este acrescentaria à crise atual mais uma crise (longa e de resultado imprevisível) que abriria espaço para divergências e lutas num momento em que a sociedade brasileira clama por clareza de objetivos e de ações.”
Para a professora da USP, o pedido de impeachment seria um erro pois seria mais um fator de crise no País.
Em primeiro lugar, é preciso reforçar uma ideia importante. O impeachment de Bolsonaro, como política proposta por alguns setores da esquerda e até mesmo levantada por alguns direitistas, é na realidade deixar o processo de derrubada do governo nas mãos do Congresso Nacional, repleto de golpistas, e em última instância nas mãos da burguesia.
Nesse momento, os setores mais importantes da direita nacional e da própria burguesia, embora apresentem contradições com o bolsonarismo, não tem como política a derrubada do governo. Pelo menos não nesse momento. Mas é preciso dizer que, se orieentação mudar e a burguesia partir para o impeachment deixaria os setores da esquerda que têm essa política completamente a reboque da direita no Congresso Nacional.
Porém, a burguesia teme mesmo um processo de impeachment controlado por ela pois tema justamente que a crise política no País se aprofunde a saia de controle.
Porr coincidência – ou não – essa é a mesma preocupação de Marilena Chauí: não podemos gerar outra crise. E de tabela, essa é a mesma preocupação implícita no manifesto de Boulos, Haddad e cia: “renuncie, Bolsonaro!”, eles dizem.
O artigo da professora da USP tem o mérito de revela a realidade por trás de uma política tão inócua. Sim, porque pedir que o próprio Bolsonaro renuncie só poderia passar pela cabeça de alguém que está completamente fora da realidade. Mas não se trata de alienação mental e Marilena Chauí mostra que o manifesto desses elementos da esquerda está justamente preocupado em preservar o regime político golpista, não gerando nehuma crise.
Por isso a esquerda pequeno-burguesa se recusa a chamar o fora Bolsonaro. Seu atrelamento ao regime político e aos golpistas é tão grande que sua preocupação não é derrubar os golpistas que se apoderaram do poder desde 2016, mas preservar o regime em nome da “união nacional” para a crise.
Enquanto isso, a direita bolsonarista ou não, prepara a morte de centenas de milhares de brasileiros por doença ou pela fome.