Quando levado para votação o pacote anticrime de Sérgio Moro, viu-se na esquerda a fomentação de uma série de ilusões das quais contribuíram para lideranças de diversos partidos como PT e PCdoB, presentes no parlamento votarem inutilmente pela aprovação de diversas concessões vindas da direita, que supostamente tornariam o pacote anticrime, uma iniciativa fascista de Moro, em algo mais digerível pela população.
A burguesia na época, utilizou-se dessas concessões como uma forma de controlar politicamente a influência do próprio Sérgio Moro no regime político. Contudo, esta iniciativa que fez com que questões como a segunda instância não fossem postas no pacote, levassem a esquerda não a notar e denunciar toda a armação envolta das concessões, mas sim, a cair ingenuamente na política da burguesia, e a apoiar o pacote enquanto comemoravam as “grandiosas” vitórias sobre as medidas ultra autoritárias de Moro.
O tempo passou, e como já mesmo denunciado diversas vezes neste jornal, a burguesia levou toda a esquerda pequeno-burguesa a uma armadilha, aprovando o pacote anticrime e agora colocando as outras pautas, até então vetadas, como PECs a serem aprovadas na câmara dos deputados e no senado.
Dessa forma, a antes suposta vitória da esquerda sobre a segunda instância, tornou-se apenas uma forma de fazer com que a direita retorne a matéria como pauta posteriormente, e agora com muito mais força e organização.
Na votação que se seguirá na câmara dos deputados, a PEC em questão já conta com alta porcentagem de votos dentro da comissão composta pelos deputados. Sendo que da maneira como está, sua aprovação é algo visível a todos.
Esta ingenuidade politica levou a esquerda a outro buraco, provocando que muitos deputados de oposição, inclusive do PT, passassem a negociar a PEC em vez de nega-la por completo.
Os novos supostos benefícios, as estratégias mirabolantes, agora giram entorno de fazer com que a mesma prisão em segunda instância valha para também ações trabalhistas contra empresários, etc.
No entanto, além de ser uma medida inútil, tendo em vista que no aprovar da lei o Estado Nacional a utilizará apenas de acordo com seus interesses sociais e econômicos, estes setores caem em uma nova armadilha, levando com que a aprovação da nova PEC seja ainda mais facilitada, passando por cima de toda oposição sem uma real oposição.
A direita que supostamente havia feito concessões faz agora o que já era esperado, passando o trator em cima dos trabalhadores com o recuo das direções da esquerda e seus representantes dentro da câmara e do senado.
Agora, após esta votação a PEC tramitará por uma série de instância, com mais de uma votação no congresso, e passando por todos os níveis. Contudo, sabendo do domínio da burguesia golpista sobre estas instituições e o recuo da esquerda que não enfrenta de fato estas medidas, é muito provável que esta PEC, assim como outros tantos ataques passem com certa facilidade, atravessando apenas as turvas águas que cercam a crise no interior do golpe.
A única forma de combater tais medidas é na mobilização popular, a oposição de esquerda nada poderá fazer dado a situação. A luta contra o governo Bolsonaro e por sua derrubada tornam-se essenciais para garantir-se que os direitos democráticos do povo sejam mantidos.