Lula foi vítima do sistema penal brasileiro. Sistema industrial na produção de presos, tendo alcançado a marca de mais de 700 mil presos. Certamente, se formos considerar os mandados de prisão expedidos, teremos mais de um milhão entre presos.
É um sistema que se inicia na ação ostensiva da Polícia Militar, que, nas ruas, só tende a “trabalhar” nas periferias, nos bairros pobres e operários. No que resulta que a ação da PM só resulta na prisão (sempre com alguma ilegalidade) de um negro, pobre ou trabalhador.
E continua. Pois o acusado vai cair nas mãos do Poder Judiciário, cuja composição é de famílias tradicionais do latifúndio, empresários, e do que existe de mais direitista na sociedade. É um sistema montado para manter a perseguição aos negros mesmo depois do fim da escravidão.
O processo ainda gira em torno da produção de provas contra o acusado, ou, na ausência das mesmas, a falsificação de provas, até que se chegue a uma sentença que tenha alguma aparência legal. Nesse martírio estão as centenas de milhares de presos brasileiros.
Na caminhada para prender Lula, a direita, através do Supremo Tribunal Federal (STF) passou por cima do princípio de que uma pessoa só pode ser condenada após o trânsito em julgado, até o fim da análise de todos os recursos em todas as instâncias. Com essa medida, mais e mais pobres e negros podem ir para a cadeia imediatamente, ou nunca mais sair.
Lula é uma pessoa com enorme peso social, a ocupação de São Bernardo do Campo comprova isso, além de quatro eleições vencidas. Sua prisão ilegal é a certeza de que, contra o negro e o trabalhador, o problema vai se acentuar drasticamente.
A prisão de 160 pessoas no Rio de Janeiro comprova esse fato. Foram conduções forçadas pela polícia. Todos inocentes que estavam em uma festa, e que foram presos pela PM sem a menor justificativa. E não foi só, ficaram dias na cadeia, depois foram soltos sem qualquer explicação.
Nesse sentido, o 1º de maio deve servir para impor uma derrota aos golpistas e denunciar as atrocidades do sistema penal, todas elas. Tomar as ruas, local tradicional dos protestos do movimento negro, inflamar Curitiba. É o chamado que faz o Coletivo de Negros João Cândido, do Partido da Causa Operária.