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O mundo invertido da CST/Psol na análise sobre junho de 2013

A Corrente Socialista dos Trabalhadores (CST), liderada pelo vereador do Rio de Janeiro, Babá, do Psol, publicou matéria em seu sítio na internet, assinada por Joice Souza, da coordenação da organização, com uma análise sobre os “6 anos das jornadas de junho”. A concepção apresentada na matéria sobre o que significaram aqueles episódios de 2013 ajudam a esclarecer a posição política da CST e de outras organizações da esquerda pequeno-burguesa que se colocaram a favor do golpe de Estado.

Em primeiro lugar, o artigo apresenta uma análise completamente invertida sobre as causa daquelas manifestações. Diz a autora: “o Brasil começava a sentir o impacto da crise econômica mundial e o governo, na época do PT, respondeu com inflação, arrocho salarial, aumento das passagens e sucateamento dos serviços públicos. Dilma anunciava um contingenciamento de R$ 15 bi no orçamento público enquanto as empreiteiras e bancos enriqueciam vertiginosamente. E conclui, citando um trecho de seu jornal de julho de 2013, que analisava os recentes acontecimentos: “‘Esse  foi o elemento central que gerou essa tremenda inflexão para a irrupção das massas nas ruas, iniciada principalmente pelos jovens, mas que foi ganhando corpo e simpatia em setores populares e entre os trabalhadores’.”

Segundo a CST, as mobilizações de junho de 2013 teve como causa essencial a política do PT. Dilma é a culpada. Ignoram completamente o fato de que o governo do PT atendia a pressão da direita já naquele momento. Se o PT errou – e podemos concordar com isso até certo ponto – ao estabelecer uma política econômica de favorecimento dos bancos e capitalistas também é verdade que essa política não foi muito diferente do que fez o PT nos anos anteriores de governo. O que teria mudado então? O artigo não explica e ignora que a direita agia pressionando o PT para que aprofundasse essa política. Ignora que no fundamental a política é uma política da direita.

Segundo a CST, Dilma e o PT teriam mais culpa do que a direita até mesmo na repressão aos protestos: “o governo Dilma Roussef aplicou  o mesma receita dos governos neoliberais: repressão.  Dilma agiu em conjunto com o governador de SP (do PSDB), e do Rio (PMDB), na repressão. Mandou a Força Nacional atuar contra as manifestações e enviou ao Congresso o Projeto de Lei Antiterror, conhecido como “o AI5 da Dilma”. Mais uma vez, a CST oculta do leitor a participação fundamental da direita no processo. A lei antiterror seria apenas de Dilma, quando está muito claro que essa lei foi exigência da direita nacional e que o PT capitulou diante dessa política.

A repressão nas ruas teria sido uma “obra conjunta”, mas a CST ignora também que em São Paulo e no Rio de Janeiro, onde a repressão aconteceu de maneira mais brutal, os governadores eram da direita. A participação da Força Nacional foi até certo ponto muito pequena.

Na sua ânsia de atacar o PT, a CST esquece que o estopim fundamental das manifestações, a repressão brutal em São Paulo no dia 13 de junho, foi obra exclusiva do PSDB. E aí entramos no problema central que a CST esconde. As manifestações de junho não eram contra o PT nem contra a esquerda, mas eram manifestações contra a política da direita, contra a repressão policial e a política do aumento das passagens. Por mais que o PT tenha em alguns casos se colocado como intermediário nessa política da direita, resultado de sua política capituladora, o fato fundamental é que as enormes manifestações de junho de 2013 tinham como alvo a direita e os capitalistas.

O desenvolvimento da situação política brasileira até os dias atuais  revelam que a interpretação da CST é de alguém que viveu em outra galáxia nesse seis anos. Se as revoltas de 2013 tivessem ocorrido, como conclui o artigo, contra a política de conciliação do PT, ou seja, se as massas naquele momento romperam com o PT, seria preciso explicar duas coisas. Por que a derrubada do PT resultou em um governo de extrema-direita? Por que o PT e as organizações de massas ligadas a ele ainda são de longe os principais centros de mobilizações no País, por mais que possamos apontar erros e confusões aí?

Mas a CST não entende isso porque está a reboque da direita e confunde a política da direita com a mobilização das massas. No artigo, a CST afirma que a Lava Jato, ou seja, a campanha farsesca contra a corrupção, seria um produto da pressão das massas. “A própria Operação Lava-jato se encaixa nesse turbilhão de disputas interburguesas e de pressão das massas, do contrário jamais se entenderia como empresários multimilionários como os Odebrechet e políticos como Sérgio Cabral foram parar na cadeia.”

A política coloca em marcha pela direita para derrubar o governo e implementar uma política de ataques contra o povo e a economia nacional seria um “clamor das massas”. Nada poderia ser mais absurdo!

A CST ignora que a direita golpista, se aproveitando da política confusa das direções daquele movimento, em particular o MPL, de cujo Psol era um dos integrantes, e vendo que a mobilização sairia do controle, a direita e a burguesia sequestraram as manifestações para impor as pautas que hoje são as típicas palavras de ordem da direita: a Lava Jato, a corrupção, o “sem partido”, que a CST acha que são reivindicações das massas. O que nos faz concluir que, para a CST, foram as massas revoltadas em levante que nos trouxeram ao atual momento de devastação do País. Por essa lógica, deveríamos apoiar Bolsonaro e sua defesa, pois estão nele contidos os anseios das massas.

É absurdo e contraria a realidade, mas é o que pensa a CST. Que defendeu o golpe e a prisão de Lula.

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