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"Superpedido" de impeachment

O movimento nas ruas não pode ficar a reboque do Congresso

Participação de golpistas do movimento Fora Bolsonaro deve ser combatida energicamente

Com amplo destaque da imprensa golpista — patrocinadora do golpe de Estado e, por falta de alternativa, do próprio esquema fraudulento que fraudou as eleições de 2018 e ajudou Jair Bolsonaro a chegar o governo —, foi protocolado ontem o 121º pedido de impeachment do presidente da República. O pedido contou com a anunciada assinatura de 46 entidades signatárias, incluindo partidos de esquerda (como PT, PCdoB, PSOL, PSTU, PCB) com os quais o PCO assinou um dos primeiros pedidos entregues no ano passado, movimentos sociais, como a CMP, UNE, CUT, CTB etc., partidos da esquerda burguesa como PSB e Rede, e movimentos e políticos claramente identificados com a direita e ativos participantes do golpe de Estado e das campanha mais reacionárias dos últimos anos, como em favor da prisão ilegal do ex-presidente Lula, pela aprovação das “reformas” neoliberais e pela eleição fraudulenta de Bolsonaro, em 2018, como os deputados Joice Hasselmann (PSL-SP), Kim Kataguiri (DEM-SP) — representando o grupo fascista MBL — e Alexandre Forta (ex-PSL e hoje no PSDB).

Uma lista e nenhuma novidade real 

O pedido não traz nada de novo, como reconhece seu autores, apenas se propõe a unificar a maioria dos crimes imputados ao presidente que o tornariam passível de ser impedido, conforme a petição elaborada pelos advogados que elaboraram a peça.

A novidade do novo pedido é que ele foi o primeiro a ser encaminhado em uma frente de setores da esquerda que – após muita relutarem – resolveram sair às ruas pelo fora Bolsonaro nos atos de 29 de maio e 19 de junho e que dirigem algumas das mais importantes organizações populares e partidos de esquerda do País, com setores utrarreacionários, “filhotes de Bolsonaro” e antigos aliados do capitão e de toda a direita golpista em ataques fundamentais contra o povo brasileiro e seus direitos democráticos. Esses setores da direita querem limpar suas fichas, pegar carona no movimento e ajudar a direita a controlar e derrotar a gigantesca mobilização que tomou conta do País. Uma mobilização, inclusive, que não para de crescer e que ameaça não apenas derrubar o governo Bolsonaro, como todo o regime golpista do qual seu governo é o principal sustentáculo nesse momento.

O ato em comum com setores da direita foi parte de um conjunto de manobras políticas impostos ao movimento fora Bolsonaro, de forma antidemocrática, como o uso de reuniões esvaziadas, sem convocação de todos os setores responsáveis pela mobilização, que resultaram, primeiro, no adiamento por quase 40 dias da realização de um novo ato (para 24 de julho) e, depois, no contrabando para dentro do movimento dos políticos da direita bolsonarista, inimigos da luta dos explorados brasileiros e na manobra de voltar atrás e convocar novo ato (3 de julho), bem como um ato  “simbólico” ontem em Brasília para impor a politica de “frente ampla” com a direita golpista, que não foi aprovada e nem mesmo discutida, em nenhum fórum do movimento. 

A antecipação do ato responde não a uma necessidade real, mas sim ao interesse de setores interessados e atrelar todo o movimento de luta, que envolve centenas de milhares de pessoas, às articulações e encenações em torno da CPI da Covid e do protocolo do 121º pedido de impeachment.

Ficou ainda mais claro ontem que se pretende criar uma inútil expectativa de que o Congresso Nacional ou mesmo o Supremo Tribunal Federal (STF) estaria à beira de tomar alguma decisão importante contra o governo federal, em favor dos interesses da maioria do povo brasileiro. Algumas das principais instituições do regime golpista estariam a ponto de atuar contra o golpe, que tem como um dos seu produtos mais genuínos a chegada de Bolsonaro ao governo e toda  a política reacionária que ele coloca em prática, com o apoio decisivo de toda a direita (incluindo os setores que se disfarçam de centro ou até de “progressistas”) 

Confusão da esquerda

O ato de protocolo na Câmara dos Deputados mostrou-se um verdadeiro circo dos horrores, no qual dirigentes e bandeiras da esquerda apareciam ao lado de verdadeiros marginais da política, que figuram como corresponsáveis ao lado dos tradicionais partidos da direita e dos seus chefes pelos brutais atentados contra os direitos democráticos da imensa maioria do povo e contra suas condições de vida.Tudo isso em um “oba oba” dentro do Congresso Nacional, com  que os dirigentes da esquerda brincam com um movimento que envolve mais de um milhão de pessoas.

Trata-se de uma política que só favorece os que querem colocar o movimento a reboque da suposição de alguma coisa que o Congresso venha a fazer vá, efetivamente, mudar a situação.

Esse foi o caso do 121º pedido de impeachment e de todas as demais operações na CPI, junto à PGR, STF etc.

O gesto é meramente simbólico, não vai mudar em nada o fato de que já há dezenas e dezenas de pedidos empilhados e serviram claramente, como se viu na imprensa burguesa para limpar a ficha suja dos políticos da direita e tentar abrir caminho para novas aproximações, com setores ainda mais reacionários, da direita tradicional, que buscam a todo custo abrir caminho para a derrota da mobilização popular, seja colocando de pé uma “terceira via” seja apoiando o candidato fascista e até mesmo um golpe militar.

Não se trata apenas de que nenhum desses políticos tenha apoio popular e, portanto, não tem condições de contribuir com o aumento da mobilização. Muito pelo contrário, nenhum político do chamado “centro” está interessado na vitória do movimento. Eles são totalmente contra todas as reivindicações que os manifestantes levam para as ruas, da vacinação e combate à pandemia até a luta contra a privatização, passando pelo auxílio emergencial.

Canalizar a mobilização para o parlamento, dominado pelos bolsonaristas e pela direita, é abrir as portas para a derrota dos explorados e de suas organizações de luta, o que vai levar a novos e maiores retrocessos.

Os picaretas de todos os partidos do Congresso Nacional já mostraram em inúmeras oportunidades que não estão dispostos a derrubar Bolsonaro e realizar qualquer alteração de fundo no regime golpista que eles edificaram.

É preciso superar essa política, fugir dessas armadilhas, levando as mobilizações cada vez mais em direção à esquerda, diferente do que quer a frente ampla. É preciso ampliar o movimento junto aos sindicatos, levando colunas das categorias para os atos, convocando assembleias e plenárias para aprovar planos de luta, construindo Comitês de Luta por categoria, por local de trabalho etc. para impulsionar a mobilização. O mesmo deve ser feito nos assentamento e ocupações do campo e da cidade; entre a juventude e todos os setores explorados.

É preciso aumentar a mobilização com as reivindicações populares. O povo saiu às ruas para defender seus próprios interesses e necessidades diante da ofensiva da direita e do aumento da crise e não para apoiar as “saídas” da burguesia golpista. É preciso identificar e radicalizar a mobilização para impor a vontade de milhões contra os interesses da minoria de golpistas dos mais diversos matizes.

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