Na última quarta-feira (22/7), o chanceler venezuelano em Madri, Jorge Arreaza, protestou no Twitter contra um ato de vandalismo realizado contra um monumento dedicado a Simón Bolívar no Parque Oeste da capital do Estado espanhol.
Uma pichação com frases ofensivas foi feita no pedestal da estátua. “Traidor” era uma delas. Os responsáveis, ao que tudo indica, são militantes do partido de extrema direita Vox.
O vice chanceler venezuelano, William Castillo, também denunciou o ocorrido e lembrou os vínculos que unem o Vox a partidos e indivíduos da oposição venezuelana como o Vontade Popular e o próprio Juan Guaidó. Outros diplomatas latino-americanos se somaram ao protesto, como os do Equador, Panamá, Perú, Chile, El Salvador e Colômbia.
O acontecido não deixa de chamar a atenção pela semelhança com a recente onda de ataques a estátuas desatada a partir das manifestações contra o assassinato de George Floyd, a pretexto da luta contra o racismo. A imagem de um mercador de escravos, Edward Colston, foi derrubada e atirada ao rio na cidade de Bristol na Inglaterra no início de junho. No Brasil, falou-se até em demolir o monumento às bandeiras, de Victor Brechert e nem a estátua de Pedro Álvares Cabral no Parque Ibirapuera, em S. Paulo, escapou das ameaças de correntes da esquerda pequeno-burguesa. Até mesmo um projeto de Lei foi apresentado por uma deputada estadual do PSOL na Assembleia Legislativa de São Paulo (ALESP) para a retirada de monumentos nas ruas.
O acontecido na Espanha mostra que o identitarismo da esquerda pequeno-burguesa não é simplesmente uma manifestação cultural reacionária. Cumpre uma função política na luta de classes. Na sua aparência não se difere da extrema direita (Vox). A diferença está no conteúdo. Enquanto a ação da esquerda contra estátuas e monumentos não tem endereço certo – é feita em nome da “justiça” e “reparação histórica” – o ataque à figura que é um símbolo da luta pela independência da América Latina é um ataque pró-imperialista contra todos os países oprimidos. Enquanto a esquerda pequeno-burguesa ataca estátuas e desvia o foco e confunde a luta contra o imperialismo; a direita faz o mesmo navega livremente na confusão. Afinal, monumento, por monumento, por que não derrubar o de “Bolívar-homem-branco-europeu-de-origem-aristocrata” também? Com a palavra, os iconoclastas de plantão.