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O mito do “empreendedorismo”: 42% ganham menos de um salário mínimo

Artigo publicado no jornal Valor Econômico, dessa quarta-feira (21) deita por terra o mito do “empreendedorismo” no País. Segundo a campanha feita pela burguesia e sua venal imprensa, o empreendedorismo seria o interesse do indivíduo em se tornar um capitalista em uma sociedade cheia de oportunidades.

Segundo levantamento feito pela Consultoria IDados, apresentados pelo Jornal, 41,7% ou 10,1 milhões de pessoas que trabalham por conta própria no Brasil tem rendimento abaixo do salário mínimo. Desses, 3,6 milhões recebem menos que R$ 300 por mês.

Embora os dados apresentados pelo Jornal não correspondam ao número de brasileiros que vivem da economia informal – segundo pesquisa divulgada no início desse ano pela Organização Mundial do Trabalho – OIT , órgão vinculado a Organização das Nações Unidas – 60% dos trabalhadores brasileiros fazem parte dessa economia – dá uma boa dimensão do mito criado em torno do “empreendedorismo” do povo brasileiro.

O  “empreendedorismo” nada mais é do que o resultado do desemprego. São pessoas que precisam sustentar a si mesmo e muitas das vezes outros dependentes e que não encontram emprego na economia formal. Pelos dados apresentados, podemos afirmar que uma parcela considerável dos “empreendedores” vive em condição sub-humana.

O mito do empreendedorismo foi  inventado pelos capitalistas. No início do capítalismo, séculos atrás, até existia o empreendimento individual. Em sua evolução, os produtores individuais mais bem sucedidos passaram a contratar um pequeno número de trabalhadores, sendo ele mesmo um desses trabalhadores, até chegar um ponto em que o desenvolvimento capitalista proporcionou a constituição de grandes empresas que disputavam entre si através da livre concorrência. Nesse momento da história, o “empreendedorismo” era coisa do passado, ficando restrito a poucos atividades que ainda não haviam sido absorvidas pela grande indústria.

No entanto, essa livre-concorrência levou, naturalmente, à formação de monopólios econômicos, à concentração do mercado nas mãos de um punhado de capitalistas. Isso acabou com qualquer possibilidade de livre-concorrência, de que empreendedores pudessem abrir novos negócios e competir de igual para igual com os grandes capitalistas, porque estes já dominavam o mercado e utilizavam seu poder econômico e, por consequência, detinham o poder político, para impedir qualquer concorrência.

Atualmente, na fase de completa putrefação do capitalismo, os monopólios continuam dominando e a situação é ainda pior: uma parcela cada vez maior da população é jogada na pobreza, perde o emprego e precisa se virar. Aí, muitos se viram do jeito que podem, trabalhando em condições precárias e informais, como vendedores ambulantes, pequenos “negócios” como cabeleireiro na sua própria casa, ou como empregada doméstica (sem carteira assinada).

Cada vez mais gente nessa situação tem alguma qualificação acadêmica, tem gente que fez faculdade e especialização inclusive. Mas a crise leva essas pessoas a esse tipo de trabalho, que o mito capitalista prega “empreendedorismo” como uma forma de “crescer na vida”. Isso é uma empulhação, uma farsa, como se prova pelos baixíssimos rendimentos que conseguem.

Aliás, com o golpe de Estado de 2016, a política neoliberal e suas “reformas” estão empurrando milhões de brasileiros para o “empreendedorismo”, não como prega o mito, mas pelo desemprego que já atinge mais de 13 milhões de pessoas.

Uma parcela dos trabalhadores empregados na indústria são demitidos e recontratados como autônomos, com salários ainda mais baixos, conforme reconhece a matéria do jornal Valor citada acima: “Uma parcela significativa (2,4 milhões do total) está em atividades agrícolas – em canaviais, por exemplo. Outra parcela está na chamada indústria geral (1,3 milhão de trabalhadores), sobretudo de baixa tecnologia, como peças de roupas ou sapatos”. O “empreendedorismo” em questão foi o de transformar o trabalho dessas milhões de pessoas em condições até piores do que o trabalho escravo.

Mesmo em segmentos “mais privilegiados”, ou seja, setores da pequena e média burguesia, o fenômeno da pequena empresa está absolutamente vinculado ao desemprego, seja porque as pessoas não encontram emprego, seja porque foram demitidas. Mais os dados do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), também não são animadores nesse quesito. Relatório de 2018 aponta que para cada 4 empresas abertas no Brasil, uma fecha com menos de 2 anos. Dados do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – são ainda menos alentadores do que os do Sebrae. De 660,9 mil empresas abertas em 2011, 35,5% fecharam as portas antes dos 2 anos e apenas 38% delas sobreviviam em 2016.

Uma artimanha da burguesia acentuada a partir do golpe de Estado reside justamente em esconder o resultado de uma radiografia mais efetiva sobre a situação do Brasil no que diz respeito aos indicadores sociais e econômicos. Não é à toa que o fascista Bolsonaro trava uma guerra contra o IBGE. O problema é que as esparsas informações que chegam corroboram com a realidade nacional e o caso do “empreendedorismo” não significa mais do que a perversa condição sob a a esmagadora maioria da população brasileira está submetida.

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