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Classe média abastada

O Leblon paulista votou em Boulos

Eleitorado de Boulos foi similar a votação de Freixo

A eleição na cidade de S. Paulo demonstrou o que a burguesia está preparando as eleições presidenciais de 2022. Expressou a manobra da frente ampla de encontrar um candidato da direita golpista para apresentar como alternativa ao bolsonarismo. Obviamente, sem a participação do PT e mais especificamente sem a participação do ex-presidente Lula. 

O resultado deste último domingo, que levou Guilherme Boulos (PSOL) ao segundo turno na eleição da maior cidade do País, animou um setor mais confuso e oportunista da esquerda pequeno-burguesa. Consolidou, neste sentido, a manobra da burguesia de impulsioná-lo para isolar a candidatura do Partido dos Trabalhadores na capital paulista. 

Não se diferenciando dos demais candidatos do PSOL, a votação de Boulos se concentrou em bairros mais ricos. A seção em que recebeu maior votação foi Pinheiros, obtendo um total de 22.310 votos, ficando em segundo lugar. Perdeu para Bruno Covas (PSDB) por apenas 4.247 votos. 

Essa situação se repete em outros distritos de moradores abastados. Na seção de Bela Vista, o candidato psolista recebeu um total de 25.244 votos, perdendo novamente para Bruno Covas, desta vez com menor margem, por apenas 3.151 votos. Nesta situação ficou apenas 3,71% atrás do primeiro lugar. 

Há ainda mais exemplos, como Perdizes, em que Boulos ficou atrás de Covas por pouco menos de oito mil votos ou ainda Jardim Paulista, em que ficou em segundo por quinze mil votos. 

Estes bairros mencionados são distritos ricos da capital paulista, onde se encontram os bairros como Jardins, Vila Olímpia e a famosa Avenida Paulista. São bairros onde vive a burguesia e a classe média alta de São Paulo.

Em contrapartida, nos bairros mais pobres, Boulos perde quantidades consideráveis de votos e cai na tabela. No distrito de Parelheiros por exemplo, extremo sul de São Paulo, o candidato do PT Jilmar Tatto ultrapassou Boulos. O petista obteve nessa região aproximadamente 30 mil votos enquanto Boulos ficou em terceiro com pouco menos de 24 mil votos. No distrito de Grajaú, ainda na região sul, Tatto ultrapassou Boulos mais uma vez. 

Essa votação, no entanto, demonstra o que algumas pesquisas já apontavam no período anterior ao pleito, apesar das falsificações. Uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística, publicada antes da eleição, apontou que Boulos teria apenas 2% das intenções de voto entre eleitores que recebem até um salário mínimo e apenas 1% entre os eleitores que possuem até o ensino fundamental. Contudo, despontou com 17% das intenções entre eleitores que ganham cinco salários mínimos e 15% entre eleitores que possuem ensino superior completo. 

Talvez as dezenas de atos convocados por Boulos para o Largo da Batata, famosa praça da região de Pinheiros, que se encontra ao lado de uma das avenidas mais caras de S. Paulo tenha surtido efeito entre os tais “farialimers”, como são apelidados os pequeno-burgueses que por lá circulam. 

Apesar de toda campanha de que o candidato do PSOL seja uma figura popular, reconhecido entre a população pobre brasileira, e para os mais empolgados um possível substituto da figura de Lula, ocorre que não passa de mais um típico candidato do PSOL. Isto é, trata-se de um elemento mais direitista da esquerda nacional que obtém apoio de parcelas pequenas da pequena burguesia, ou seja, da classe média. Sua votação demonstra isso com clareza. 

Neste sentido, é uma candidatura muito similar a de Marcelo Freixo no Rio de Janeiro de 2016. Trata-se de um eleitorado abastado e conservador, cuja votação é similar a votação de Aécio Neves (PSDB) na eleição contra Dilma Rousseff (PT) para Presidência da República. 

Na ocasião da eleição municipal, Marcelo Freixo saiu vitorioso contra Crivella (PRB) nos bairros mais ricos da cidade carioca. Em Ipanema, Leblon, Copacabana, Leme, Flamengo, por exemplo, a votação no PSOL foi superior do que no PRB.

Crivella foi eleito, no entanto, através das vitórias nos bairros mais pobres e afastados do centro do Rio. Como é o caso de Bangu, que possui um dos piores IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) da cidade, que a diferença entre os dois candidatos foi de cerca de 20 mil votos, deixando Freixo com aproximadamente 30% da votação enquanto Crivella obtinha 70%. 

Neste momento, a disputa de Boulos contra o candidato oficial da burguesia não retirou o apoio da burguesia a sua candidatura. Em suma, Boulos se tornou uma espécie de unanimidade nacional. Todos o elogiam, inclusive seus adversários, representantes da direita nacional, elementos que deram o golpe de Estado. 

Esse fenômeno é fruto da propaganda da burguesia para formar uma liderança política da esquerda de forma artificial. Um líder que não tenha o apoio popular do PT. Uma esquerda classe média controlável. 

O que torna Boulos parte essencial da manobra pela frente ampla em 2022, de colocar a esquerda a reboque da direita.

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