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Frente ampla ou mobilização?

O joio e o trigo

Com o aumento da polarização política, a as diferentes alas da esquerda nacional se distanciam a passos largos

Nesta sexta-feira (26), acontecerá um evento de extrema importância para a definição da situação política. Um “ato virtual” chamado de “Direitos já” irá reunir uma série de figuras falidas da direita brasileira, como Michel Temer e Fernando Henrique Cardoso, e alguns elementos da ala direita da esquerda nacional, como Guilherme Boulos e Flávio Dino. Com esse acontecimento, ficam ainda mais claras quais são as reais intenções da ala representada por Boulos e Dino: entrar em um acordo junto com os golpistas.

Em sentido completamente oposto, o ex-presidente Lula e a presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann, se posicionaram explicitamente contra qualquer tipo de aliança com a direita. Em algumas declarações públicas, Lula afirmou que não estaria disposto a se aliar com quem ajudou a derrubar a presidenta Dilma Rousseff em 2016 e a forjar a própria prisão dele. Seguindo o maior líder popular do País, Hoffmann disse que “o denominador comum de uma frente democrática hoje é nada menos que o impeachment de Jair Bolsonaro, pelos crimes de responsabilidade que cometeu e pelos crimes em série contra o país e o povo”. Considerando que a direita de conjunto não está a favor da derrubada do governo, a declaração de Gleisi Hoffman é uma declaração contra a direita. Não é à toa, portanto, que Lula e Gleisi Hoffmann não estarão presentes no ato dos “Direitos já”.

O deslocamento de Boulos e Dino, entre outras figuras, para uma posição cada vez mais direitista, e o deslocamento de Lula e Gleisi Hoffman para uma posição de ruptura com os inimigos do povo é uma consequência direta da polarização política no Brasil. O País hoje já ultrapassa os 53 mil mortos pelo novo coronavírus e conta com um exército de reserva cada vez mais numeroso. Nessas condições, agravadas pela falta de qualquer perspectiva positiva para a economia mundial, a tendência do povo se revoltar contra o governo Bolsonaro e contra o regime político como um todo é crescente.

Um dos indicativos dessa disposição é a realização de centenas de atos ao longo do mês de junho. Em todas as regiões do Brasil, organizados por diferentes setores e com variadas quantidades de pessoas presentes, as manifestações em meio à pandemia de coronavírus e sem o apoio de organizações de massa são um reflexo indiscutível dessa tendência. E justamente por essas manifestações, e também pelo caráter radical de algumas delas, a direita, por sua vez, decidiu pôr o pé no freio em sua ofensiva contra o governo Bolsonaro. Afinal de contas, opor-se a um governo odiado pelo povo apenas jogaria mais lenha na fogueira da revolta popular. Povo e direita se colocam, portanto, em posições cada vez mais distantes: o interesse do povo é pôr o governo abaixo, enquanto a direita, que também é odiada pelo povo, está interessada em manter um fascista como Bolsonaro no poder.

Se o povo e a direita divergem nesse aspecto, é porque divergem, também, do programa que deve ser levado neste momento de crise econômica e de pandemia. A resposta que o povo quer dar ao desemprego e aos mortos pela doença é a de um programa sério do Estado para garantir o isolamento social, o combate efetivo ao coronavírus e o acesso a condições dignas de vida. A direita, por outro lado, tem se unificado para privatizar a água, ampliar a reforma trabalhista e obrigar os trabalhadores a trabalharem sem receber no período posterior à pandemia. A aproximação de Boulos e Dino com a direita golpista não pode ser entendida de outra maneira senão como uma capitulação, uma adaptação que em nada resolverá os problemas do povo. Trata-se de uma ala direita da esquerda nacional, cuja política serve para que a burguesia se infiltre no meio aos trabalhadores e procure arrefecer a revolta dele. É necessário rejeitar claramente essa política de frente com os golpistas (frente ampla).

A delimitação feita por Lula e Gleisi Hoffman entre o povo e os golpistas, por sua vez, corresponde aos interessas da população em lutar contra os seus algozes. É preciso, portanto, dar continuidade a essa política e aprofundá-la, colocar cada vez mais claro o programa do povo, pela restituição dos direitos de Lula, reversão das reformas golpistas e das privatizações. Se cabe tão-somente à esquerda e ao povo derrubar o governo Bolsonaro, é preciso impulsionar a mobilização dos trabalhadores para derrotar, nas ruas, a burguesia.

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