Muito tem se discutido sobre a situação política na Bielorrússia. Nas últimas semanas, o país tem sido palco de uma enorme crise, que cada vez mais se revela como um golpe de estado arquitetado pelo imperialismo. Embora diversos setores da esquerda nacional estejam com dificuldade de enxergar, a ação imperialista está clara nesse país, que é a próxima vítima de seu golpismo e ingerência sobre os países atrasados do mundo.
Em agosto, o atual presidente, Aleksandr Lukashenko, foi reeleito para o seu sexto mandato com 80% dos votos válidos. Imediatamente, seus opositores declararam que as eleições haviam sido fraudadas, uma das manobras que o imperialismo tem usado para derrubar os governos dos países que querem golpear.
Posteriormente, o imperialismo começou a impulsionar uma onda de manifestações em protesto ao resultado do processo eleitoral, para procurar demonstrar que o governo de Lukashenko seria rejeitado pela população de seu país. Em uma dessas manifestações, inclusive, houve o falecimento de um manifestante, que portava consigo uma bomba a qual ele tinha a intenção de usar contra a polícia. Em resposta a essa ofensiva, Lukashenko procurou estreitar suas relações com Putin, a fim de obter do vizinho uma possível proteção contra investidas mais intensas.
A principal representante dos interesses imperialistas na região é a sua opositora, Svetlana Tikhanovskaïa, que reivindicou para si a verdadeira vitória eleitoral. Tikhanovskaïa tem obtido grande destaque da imprensa capitalista internacional e tem se abrigado na Lituânia, aos cuidados do francês Bernard-Henri Lévy, um capitalista que já teve seu nome envolvido em diversas outras movimentações do imperialismo, como no apoio ao Afeganistão contra a União Soviética e também aos Contras na Nicarágua. Os outros opositores de Lukashenko se abrigam em outros países pró-imperialistas vizinhos, como a Polônia e a Ucrânia.
Está claro que a intenção do imperialismo em apoiar a derrubada do governo eleito da Bielorrússia é a de espoliar esse país e sua população a fim de salvaguardar os seus lucros, e a política nacionalista levada adiante por Lukashenko é um obstáculo a essa rapinagem que os capitalistas pretendem realizar. Além disso, também há um caráter geoestratégico nessa ocupação, já que o país faz fronteira com a Rússia, um outro adversário importante do imperialismo nessa região.
Os setores de esquerda e que defendem a luta popular e da classe operária não devem, sob hipótese alguma, apoiar essa tentativa golpista e anti popular. Em uma situação como essas é preciso se colocar ao lado do povo bielorrusso e defender sua autonomia nacional e o seu governo eleito democraticamente.