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Colapso econômico

O impacto da crise nas empresas e a meritocracia

A maior crise da história do capitalismo não poupa nem mesmo os altos escalões das empresas

Duas matérias publicadas no dia 13 de abril na imprensa burguesa dão a dimensão da crise econômica agravada pela pandemia da Covid-19.

Uma delas diz que está havendo uma queda abrupta (64% para este ano, de acordo com estudo citado) nas aquisições e fusões de empresas no Brasil e no mundo. Segundo a matéria, “alta volatilidade, isolamento social, incerteza sobre o tamanho e tempo de impacto na economia têm levado vendedores e compradores a rever o ritmo de suas operações e até mesmo sua efetiva realização”.

A outra matéria fala do medo crescente dos executivos com o desemprego: “os executivos que estão no comando das companhias do país não se sentem imunes ao desemprego que começa a se espalhar em diversos setores da economia por conta da crise provocada pelo coronavírus”. A reportagem cita os resultados de uma pesquisa, segundo a qual 47% dos entrevistados estão preocupados com isso, e 14,7% tem quase certeza de que serão dispensados. O medo de ser demitido é maior entre os gestores das empresas de menor porte, onde 16% já relatam que não tem mais trabalho. Nas grandes empresas, a sensação de segurança é maior, mas mesmo assim tem medo.

Falando primeiramente das fusões, devemos enquadrar esse fenômeno como sendo aquilo que os marxistas chamam de centralização de capital, e que é inerente ao funcionamento desse modo de produção, seja na sua etapa de desenvolvimento como na de crise, tal qual a concentração de capital.

Concentração de capital é o resultado direto da acumulação, que é quando a mais-valia é incorporada ao capital original, e não consumida pelo capitalista, fazendo crescer o capital. Historicamente, o crescimento dos capitais leva a um ponto em que a acumulação (gerando a concentração) se torna obrigatória, pois o montante da mais-valia produzida ultrapassa toda capacidade de consumo do capitalista, pois mais consumista e esbanjador que ele possa ser.

A centralização é quando capitais dispersos se unem em um único, seja pela compra de um capital por outro (aquisição, como se diz hoje em dia) ou pela fusão mesma.

Tanto a concentração como a centralização geram capitais maiores. E sabemos que capitais maiores conseguem ter mais lucro pois podem ter seus custos por unidade produzida menor.

As coisas mudam quando temos crises de superprodução periódicas e principalmente quando entramos na fase aguda da crise do capitalismo. Nessa situação, a acumulação de capital fica diminuída, podendo até parar, e o que mais ocorre são as aquisições.

A centralização de capital na crise ocorre porque o mercado se torna pequeno demais para mais de uma empresa concorrente e a que está em melhor situação compra as demais. Nesse contexto ocorre o que os economistas burgueses costumam chamar eufemisticamente de reestruturação, e que nada mais é que demitir os trabalhadores em massa, principalmente aqueles que vieram da empresa que foi comprada. Esse processo acaba eliminando também os gestores (gerentes e diretores) da empresa comprada. Afinal, um avião que recebeu os passageiros de outro não precisa de dois pilotos e dois copilotos.

Apesar dos “especialistas” que estão sempre falando na imprensa burguesa, aquisição não é expressão de força e vitalidade do capitalismo, e nem mesmo da empresa que comprou as demais, mas uma medida para sobreviver em meio a uma crise criada por esse próprio modo de produção.

Se é um expediente para sobreviver, imaginem o que ocorre quando a incerteza e a crise se tornaram tão agudas que nem mesmo isso pode ser feito. A perspectiva é de quebradeira em larga escala, tanto daqueles que seriam compradores como dos vendedores.

Se na centralização tínhamos o desemprego maior na empresa comprada, no quadro atual podemos esperar que isso ocorra nos dois lados, incluindo os tais gestores e executivos mencionados na segunda matéria.

O que percebemos hoje é uma crise tão grave que nem mesmo os recursos utilizados na etapa anterior da mesma crise (2008) são possíveis.

O que os gestores citados na reportagem estão sentindo é exatamente o que a classe trabalhadora sente todo dia desde que existe capitalismo: o medo do desemprego. Os gestores sempre formaram uma elite dentro das empresas, podendo ser desde um supervisor até um diretor. Alguns poucos vieram da classe operária, ou de famílias proletárias, mas a maioria veio da classe média, e carrega a mentalidade típica dessa classe. O que é regra geral é que à medida que sobem na hierarquia vão ficando cada vez mais alinhados com o capitalista, tornando-se verdadeiros feitores e capatazes. Podem até não ter uma renda muito maior que a do operário, mas se sentem emocionalmente ligados ao patrão. Nas festas de final de ano fazem de tudo para se aproximarem dos escalões superiores e se iludem achando que fazem parte de uma família.

Mas a crise não os perdoa também. Não importa o “bom trabalho” que fizeram para o capitalista aumentar seu lucro ou o quanto possam ser “amigos”. O fato é que quando o salário desse gestor e a total inutilidade dele em gerir o trabalho que não existe mais por conta da crise fizerem com que seu “amigo” patrão o veja como um gasto desnecessário, ele será colocado no olho da rua.

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