Historicamente a região do ABC paulista, por fazer a ponte entre a cidade de São Paulo e a baía de Santos, tornou-se um dos maiores polos industriais do Brasil, disputando somente com a própria região metropolitana de São Paulo. Hoje, o símbolo da industrialização brasileira, pode tornar-se o seu exato oposto: o símbolo da Desindustrialização brasileira.
Os índices das setes cidades (Santo André , São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra) que compõe a região são preocupantes. O PIB da região retrocedeu 16% em 3 anos (2013-2016), passando de R$ 28,9 bilhões para R$ 24,3 bilhões. Esse número se levarmos em conta a taxa inflacionária, beira ao 40%, sendo quase quatro vezes maior dos índices do Brasil (11,5%), e 3 vezes maior dos de São Paulo (14,73%). A região mais industrializada está liderando a o processo de desindustrialização no Brasil.
No quesito desemprego, a região também está em destaque, enquanto os índices brasileiros e paulistas estão rodando em torno de 6%, o ABC tem uma queda assustadora de 12,5% nos empregos formais, entre 2012 e 2017. Os números são provenientes do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
O caso mais emblemático para ilustrar o caso é o da Ford em São Bernardo do Campo, a empresa anunciou sua saída em novembro, quando acaba o período de estabilidade garantidos aos empregados, deixando cerca de quatro mil brasileiras desempregados de uma só vez. A saída da Ford representa uma perca milionária nos cofres tributários da cidade que deixaria de arrecadar 18,5 milhões. A General Motors também ameaçou fazer o mesmo em São Caetano.
Ha-Joon Chang, acadêmico especialista em desenvolvimento, vem alertando que o Brasil está enfrentando um dos maiores processos de desindustrialização jamais vistos na história. O país, que na década de 80 e 90 tinha 35% da produção nacional representada pela industria, atualmente tem somente 12%.
As mazelas do recente golpe de Estado estão transformando o Brasil em um verdadeira colônia. Exportaremos somente commodities sem desenvolver a ciência, a tecnologia e a economia nacional – lembrando que o sucateamento também é na educação e na pesquisa. Além de tudo, essa exportação será feita por empresas estrangeira, seremos uma verdadeira colônia.
A classe trabalhadora brasileira enfrentará um forte desemprego e um sucateamento de sua democracia – sindicatos, organizações de bairros, movimentos sociais e partidos. Essa última parte é o papel que vem desempenhando a extrema-direita brasileira. Esse é o plano que tem o imperialismo para os brasileiros.
A resposta deve ser a greve e a luta política. A construção de uma greve geral e de organizações para lutar contra o golpe deve estar na agenda de todo trabalhador, somente assim será possível reverter essa situação.