O jornal golpista O Globo publicou uma matéria que recebeu seguinte título : “‘Há formas de cobrar anuidade nas universidades públicas que melhoram o acesso dos mais pobres’, diz especialista.” Desde o título, qualquer um que conheça o cinismo e a canalhice da imprensa burguesa deve desconfiar de que se trata de um engodo. Não é de hoje que o PIG (Partido da Imprensa Golpista) se utiliza da gasta estratégia de tentar enganar o povo colocando um “especialista” para falar, que na verdade é um boneco de ventríloquo da burguesia, chamado apenas para repetir – com ares técnicos – a política neoliberal defendida por todos os tubarões capitalistas.
Segundo a matéria, “o Brasil pode se beneficiar de instituir anuidade nas universidades públicas brasileiras para aumentar o acesso de alunos de camadas populares caso a cobrança seja bem desenhada”. Para defender essa ideia eles se utilizam da argumentação da economista Tássia Cruz, professora da Fundação Getúlio Vargas (FGV), na ocasião representando uma organização chamada Dados para um Debate Democrático na Educação (D³e). A organização de nome extenso e sigla “descolada” publicou na última quinta-feira o relatório “Financiamento e Equidade no Ensino Superior”. Isso também deve servir para levantar desconfianças, pois não é nenhuma novidade a burguesia financiar institutos, organizações dos tipos mais diversos para dar aparências de intelectualidade à política econômica profundamente destrutiva das bestas-feras que mandam no mundo.
O que causa estranhamento é que tal organização, defensora do “debate democrático” e da “equidade” deu acesso ao seu relatório, com exclusividade, a um dos jornais mais antidemocráticos e golpistas que existem no Brasil e para defender uma proposta que só servirá para aprofundar as desigualdades já existentes: a cobrança de anuidade em universidade pública.
Segundo Tássia Cruz, o melhor dos modelos de financiamento do ensino superior é o australiano. Na Austrália, os estudantes começam a pagar após se formarem e, ela afirma, só pagam os “bem sucedidos”, os mais pobres não pagam.
Nota-se que todo o texto da matéria, embora apresente números de estatísticas, retorcidas ao bel prazer da burguesia, é muito vago e se utiliza de palavras como “sucesso”, “mais pobres”. Mas, afinal, qual o critério para definir isso? Não importa. Independente do critério utilizado, ocorre que esses são argumentos cínicos usados para fazer propaganda da privatização das universidades públicas, o que deve ser o resultado de políticas econômicas como essa. Privatização que, de modo algum, tornará a universidade mais acessível aos pobres. Muito pelo contrário: a cobrança de anuidades só pode ter uma consequência, que é tornar o ensino superior ainda mais inacessível aos filhos dos trabalhadores.