O sistema eleitoral brasileira é um dos mais atrasados do mundo, não por acaso o modelo estabelecido nos destroços da ditadura militar favorece o carreirismo e a busca incessante por privilégios dos “representantes”, em detrimento especialmente do representado.
Não por acaso, o sistema partidário é dominado pelo fisiologismo e pela volatilidade, com a proliferação de candidatos, que como se diz “trocam de partido como quem troca de roupa”. Os partidos na sua quase totalidade, sejam pequenos ou grandes conglemorados, são tão somente siglas eleitorais para registros de candidaturas. Não existe programa nem mesmo plataformas minimamente coerentes. Por sua vez, as coligações entre partidos que se reivindicam de esquerda com partidos nitidamente de direita são uma constante.
Os partidos de esquerda que deveriam apresentar uma outra perspectiva de organização política têm se adaptado a este sistema eleitoral. O PT há muito é organizado a partir de comitês eleitorais de candidatos, e depois de eleitos de associação de gabinetes de mandatos de parlamentares, que têm geralmente uma vida autônoma em relação ao conjunto dos militantes do partido.
Por sua vez, o PSOL que se reivindica da “esquerda radical”, apesar do discurso sobre “nova política”, tem funcionado como uma legenda formada por federação de grupos e como condomínio de candidaturas.
A recente polêmica sobre o financiamento de uma candidatura de um vereador do PSOL em Duque de Caxias (RJ) por capitalistas e representantes dos banqueiros ilustram como o partido pequeno burguês funciona.
A distribuição dos recursos financeiros entre os candidatos do PSOL tem sido o estopim para uma acirrada disputa por recursos. Na cidade de São Paulo, candidatos a vereadores do partido têm denunciado os “critérios” adotados pela direção do PSOL.
Na matéria publicada na Folha de S. Paulo, (https://www1.folha.uol.com.br/poder/2020/10/psol-contradiz-discurso-pro-minorias-ao-distribuir-verba-do-fundo-eleitoral-apontam-candidatos), é evidenciada a luta pelos recursos entre os candidatos do PSOL, e denúncias sobre favorecimento e falta de transporte.
Os candidatos que têm chance de se elegerem, porque são bancados pela burguesia, recebem muito mais dinheiro que os outros que não têm chance. É um partido eleitoreiro. Pode salientar também que os candidatos que estão acusando de não receberem dinheiro não são muito diferentes: sua visão também é absolutamente carreirista, querem subir na vida a partir da política, porque isso querem o dinheiro, e isso fica evidente quando se vê que muitos deles já recebem de certa forma algum financiamento da burguesia, como os candidatos ligados a ONGs como o Renova (da Tabata Amaral/Lemann) e o Educafro, que recebem dinheiro capitalista.
Diferente disso só mesmo um partido que leva seus candidatos para as eleições para que eles façam campanha para o Partido, não para si mesmos, propagando o programa partidário e sendo independente da burguesia. Mas esse não é o caso de nenhum partido de esquerda no Brasil, com exceção do PCO.