A crise que levou ao regime golpista no Brasil é a expressão da crise capitalismo, e indica que as classes dominantes para continuarem exercendo sua dominação, precisam cada vez mais impor um fechamento do regime. A instabilidade política do governo Bolsonaro evidencia as contradições no interior do próprio bloco burguês que dá sustentação ao governo, e que a crise não foi resolvida pelo golpe, muito pelo contrário. Neste sentido, impulsionar a luta pelo Fora Bolsonaro é fundamental para derrotar politicamente os planos de ataques dos capitalistas contra os trabalhadores.
A esquerda institucional participou da farsa eleitoral que impôs a “eleição” de Bolsonaro em 2018. Durante todo ano 2019, essa esquerda parlamentar desejava “ boa sorte, Bolsonaro” e se recusou a defender a palavra de ordem elementar de Fora Bolsonaro, pois bem, somente agora após a catástrofe da política genocida de Bolsonaro em relação a pandemia do covid-19, que passaram a reivindicar a saída de Bolsonaro, mesmo assim de forma alguma, foram feitos esforços efetivos para a derrubada do governo.
Curiosamente, um grupo intitulado Frente de Ativistas da Esquerda (F.A.E),que se reivindica da extrema esquerda se colocou contra o “Fora Bolsonaro”, apresentando a justificativa que não adianta tirar o Bolsonaro se não derrubar o conjunto do capitalismo.
“a realidade o ‘’FORA BOLSONARO’’ não serve para nada, pois é uma atitude inócua dentro da ‘’esquerda’’ que segue pautando essa palavra de ordem, tanto nas manifestações de rua (antes do surgimento do Coronavírus), como nas redes sociais. “
Não se trata de uma critica ao fato da esquerda entre aspas pautar o Fora Bolsonaro nas redes sociais, como uma mera formalidade, mas até mesmo a realização de manifestações de rua seria algo “ inócuo”. Então o que é proposto?
“Nesse caso, o ‘’FORA BOLSONARO’’ que é ineficiente, tem que ser obrigatoriamente substituído pelo ‘’FORA EUA’’, ‘’FORA CAPITALISMO’’, ‘’FORA IMPERIALISMO’’, ‘’FORA CAPITAL FINANCEIRO RENTISTA’’, ‘’FORA NEOLIBERALISMO’’, ‘’FORA BANQUEIROS’’, ‘’FORA GOLPISTAS TRAIDORES DA PÁTRIA’’, ‘’FORA BURGUESIA’’, ‘’FORA FASCISMO’’, ‘’FORA MILITARES GOLPISTAS E LACAIOS DO IMPERIALISMO””
Segundo os “ ativistas de esquerda” não adianta defender a saída de Bolsonaro, como não era pertinente a derrotada do golpe de Estado e a derrubada de Michel Temer, pois tanto Temer quanto Bolsonaro seriam apenas prepostos do imperialismo, e portanto não seria “eficiente” defender o “ Fora Bolsonaro”, além do mais seria “ educativo” atacar os verdadeiros inimigos como o imperialismo, capital financeiro, etc, etc,etc.
Acontece que desconsiderar o governo de plantão e não apresentar a luta política contra os governos nada mais é do que uma mera caricatura de uma política revolucionária, uma colocação abstrata no estilo anarquista.
A lutar pelo Fora Bolsonaro sintetiza a luta contra o imperialismo, contra os capitalistas, contra os militares e os neoliberais. Elencar uma dezena de palavras, de forma alguma representa uma efetiva “educação” da população para derrotar o regime capitalista, além do mais, lutar pelo Fora Bolsonaro é algo concreto e realizável a curto prazo, ao contrário da maioria das outras palavras de ordem que esse grupo propõe.
O que Lênin falou sobre a questão das palavras de ordem, é algo esclarecedor sobre a questão, o exemplo das próprias palavras de ordem da Revolução de 1917, em especial a agitação em torno de Pão, Paz e Terra, ou Fora os ministros capitalistas e Todo o Poder aos Sovietes revelam que a ação política não é algo genérico, que serve para todas as ocasiões. Os bolcheviques e os revolucionários comunistas em geral nunca utilizaram em sua propaganda a palavra de ordem “Abaixo o capitalismo”, por exemplo, nem mesmo uma série de palavras, mas sempre buscam a palavra de ordem que se encaixava melhor no momento, que vai ao encontro das aspirações imediatas das massas.
