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Michael Lowy

O fascismo não é uma fórmula acadêmica

O sociólogo tenta explicar a luta de classes no escritório da universidade

Um dos maiores perigos na política é adaptar fórmulas sociológicas aos fenômenos. Esse é um mal dos acadêmicos pequeno-burgueses, que vivem procurando respostas no mundo distorcido das formulações e acabam chegando a conclusões que, se fossem influentes para as massas, levariam-nas à derrota.

Esse é o caso do filósofo e sociólogo Michael Lowy em seu recente artigo, publicado no sítio A Terra é Redonda, intitulado “Neofascismo: um fenômeno planetário – o caso Bolsonaro”.

Lowy procura caracterizar o crescimento da extrema-direita atual, comparando com o fascismo clássico na Alemanha e na Itália e também as diferenças do fenômeno atual nos diferentes países.

Segundo ele “Os partidos neofascistas atuais não organizam tropas de choque paramilitares uniformizadas para aterrorizar a esquerda, como era o caso dos ‘camisas negras’ de Mussolini, ou da Sturm Abteilung (SA) de Adolf Hitler.” Aqui é possível ver a tentativa de adequar um fator meramente artificial ao fenômeno que é um produto social da época atual. Essa consideração teria qual utilidade? Paralisia. É como se o autor dissesse: “Acalmem-se, o fascismo não está aí pois faltam os homens uniformizados”.

Mais à frente, Lowy introduz outra fórmula “tranquilizante”: “não existe, em nenhum dos países em que o neofascismo está em ascensão, uma “ameaça revolucionária”. O fascismo seria apenas o produto da ação revolucionária das massas e não há nesse momento essa ação. Nada poderia ser mais errado. Em primeiro lugar, o fascismo consegue crescer e se estabelecer a partir da paralisia do movimento operário, que embora tenha tendências revolucionárias, se encontra numa defensiva ou numa política de paralisia provocada por suas direções.

O que ocorre, portanto, não é a ausência de revolução, mas um terreno em que os capitalistas organizam as massas, da classe média em primeiro lugar, para destruir a classe operária e sufocar a revolução socialista.

Lowy continua: “o grande capital manifesta pouco entusiasmo pelo programa econômico ‘nacionalista’ da extrema direita, embora possa vir a se acomodar a essa política”. O que está em jogo, diferente do que afirma o autor, os capitalistas podem ainda não ter se decidido completamente por apoiar a extrema-direita em todo o mundo, mas não há dúvidas que caminha para isso. O caso Bolsonaro mostra que, embora os setores tradicionais da burguesia tenham o evitado, foram empurrados a apoia-lo. Os capitalistas em crise generalizada são empurrados cada vez mais para uma situação em que se vêem obrigados a apostar na extrema-direita.

Por fim e mais importante é a conclusão de Lowy. Para ele, a saída para o que ele chama de “neofascismo” seria o “ecossocialismo”. E o que seria isso? Ele explica que seria a “superação dos limites dos movimentos socialistas do século passado – o compromisso socialdemocrata com o sistema, e a degeneração burocrática do chamado “socialismo real” – recuperando as bandeiras revolucionarias latino-americanas, de Simon Bolívar a Ernesto Che Guevara, de José Martí a Farabundo Marti, de Emiliano Zapata a Augusto Cesar Sandino, de Zumbi dos Palmares a Chico Mendes.” Em suma, o que Lowy propõe é um socialismo heterogêneo, uma espécie de caldo misto de ideologias acadêmicas e sem conteúdo, e que, no final das contas, é o que a esquerda pequeno-burguesa vem defendendo desde o século XIX contra o marxismo, a verdadeira doutrina revolucionária da classe operária.

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