A crise que iniciou-se no Ceará em uma greve de policiais que teve seu término apenas no décimo terceiro dia, inflando a categoria em todos os outros estados, agora deu lugar aos políticos da burguesia já em conflito para utilizarem o fim da greve como palco de suas bravatas.
Durante todo o período da greve a tensão era grande na imprensa burguesa. Quando Zema em Minas Gerais concedeu aumento para a categoria, policiais do país inteiro passaram a se mobilizar, levando a um conflito de interesses locais que se expandiu para uma luta aberta entre o governo Bolsonaro, utilizando-se das forças armadas, contra os grevistas.
O estado do Ceará veio a ser ocupado pelos militares, intensificando a crise interna da burguesia e abrindo caminho para uma luta intensa entre os setores da burguesia cearense e a burguesia nacional.
A primeira política utilizada de modo geral foi tratar a greve como um mero motim, e a família Gomes, oligarquia que controla o estado do Ceará, utilizar a bravata de uma suposta “luta contra o fascismo” como pretexto para reprimir os grevistas, assim como levantar a bola de proibir o direito de greve.
Era visível, não ter a PM para esmagar o povo e uma possível revolta dos trabalhadores era algo impensável para a burguesia. Assim surge Cid Gomes e seu irmão, Ciro Gomes, responsáveis por atacar frontalmente (no sentido literal) a greve e criar toda uma propaganda de um falso viés esquerdista para viabilizar não só a proibição da greve como também permitir que o governador do estado, Camilo Santana, um homem de confiança da oligarquia, pudesse chamar pela intervenção militar.
Intervenção essa, que de acordo com o momento em que vivemos, é nada mais que um ensaio para um controle cada vez maior dos militares na vida política de todo país, um primeiro passo para novas intervenções e o fortalecimento da ditadura.
Agora no entanto, com o fim da greve figurões da política golpista nacional, como o juiz Sérgio Moro, vem a tona glorificar a ação militar no estado e entram em choque com a oligarquia local, que com medo de perder o controle da região entram em conflito com outros setores da burguesia nacional.
Dessa forma, Ciro Gomes lança mais uma de suas bravatas na sua conta pessoal do Twitter. Em suas declarações Ciro diz para Moro e os generais “aprenderem”, pois no Ceará “aqui quem manda é a lei”. Um discurso que em sua integridade é falso e mentiroso.
Aprende, Bolsonaro e seu capanga Moro: no Ceará está o seu pior pesadelo!
Generais, aqui manda a Lei!— Ciro Gomes 12 (@cirogomes) March 2, 2020
Vale lembrar que um dos principais responsáveis por trazer o exército para o Ceará foi justamente a oligarquia Gomes que já havia perdido o controle da situação e temia uma ebulição social ainda maior.
A bravata esquerdista contra outros setores da burguesia é completamente fora de realidade vista no Ceará. Sua política de repressão e fortalecimento do esmagamento do povo é visto em todos os cantos sobre o lema de “segurança pública”.
Ciro é um coronel, homem a frente da oligarquia que controla o estado. De luta contra o fascismo e o governo Bolsonaro não há nada, mas sim uma mera demagogia de retórica esquerdista que busca enganar os desavisados e manter algum controle social na região. A política seguida por sua família contra a greve, não difere em nada da utilizada pelo governo liderado pelo fascista Jair Bolsonaro.