É a “festa da democracia”. Golpe? Houve Golpe?
“Quanto riso, oh, quanta alegria!…”
“Começou oficialmente a nona rodada de eleições municipais do período da redemocratização iniciado em 1985”.
É o anuncio entusiasmado do site Vermelho, ligado ao PCdoB (Partido Comunista do Brasil), em matéria intitulada “Derrotar o bolsonarismo a partir das cidades”.
“…Mais de mil palhaços no salão…”
“Mais de meio milhão de candidaturas, nas ruas e nas redes, já estão em ritmo frenético, posto que vêm de uma pré-campanha que deu a largada no início do ano. Os números não são definitivos, mas, se confirmados todos os candidatos de 2020, o aumento será de 27% em relação às eleições de 2016…”
Completa o Vermelho, lamentando que o grande número de candidatos seja
“consequência da arbitrária proibição de coligação proporcional, o que obrigou cada legenda a compor sua chapa própria às câmaras municipais. Fato que impulsionou também o aumento do número de candidaturas às prefeituras.”
As “singularidades” dessas eleições, seriam segundo os “comunistas” que
“é a primeira vez que elas se realizam com um governo de extrema-direita. Outra singularidade é que ocorrem sob a maior pandemia dos últimos tempos”.
Sem mencionar em nenhum momento que as eleições se dão em meio a um golpe de Estado, em uma ditadura que impôs uma legislação reacionária, por meio da “reforma eleitoral” aprovada pelo Congresso golpista em 2017, e que ocorrem sob o controle das grande máquinas eleitorais da burguesia, da sua imprensa venal etc. o PCdoB procura apresentar as eleições deste ano como mais uma do “período da redemocratização”, o que provavelmente – como cinicamente afirma a burguesia golpistas – estaríamos em pleno funcionamento do “regime democrático”, o qual nunca existiu de fato no Brasil.
No “sonho” dos “comunistas – que não se apóia na dura e antidemocrática realidade,
“as eleições, sobretudo nas capitais e nos grandes e médios municípios, serão permeadas pelo confronto entre os campos políticos bolsonarista e oposicionista, o campo democrático, patriótico, popular e progressista”.
Não por acaso, os dois lados, “opostos” na miragem do PCdoB, se colocaram contra até mesmo o afastamento legal do presidente ilegítimo. O lado “mal”, conteve alguns ímpetos mais exaltados e o lado “bom”, impediu a tramitação dos 52 pedidos de impeachmet, sob a liderança do “democrata” e “patriota” Rodrigo Maia (DEM), com quem o PCdoB tem muito boas relações (votou nele três vezes para presidência da Câmara), e que também foi apresentado pelo “chefe dos malvados”, Bolsonaro, como “general da reforma da Previdência”, o maior roubo dos trabalhadores de todos os tempos.
Apesar de tamanha “unidade” contra o povo trabalhador e explorado, os “comunistas” que há muito deixaram de lado a existência da luta de classes, anunciam que
“as eleições de 2020 são uma grande oportunidade para as forças democráticas e progressistas desmarcarem Bolsonaro, responsabilizando-o pela tragédia sanitária, econômica e social que se manifesta concretamente no território das cidades”.
Ou seja, apresentam a “senha”, a forma como os maiores inimigos do povo brasileiro, entreguistas, golpistas e responsáveis por todo tipo de crime contra a população nas últimas décadas irão encenar uma disputa “democrática” contra o “mal”, uma política que, no máximo serviria para que o PCdoB e outros setores da esquerda pequeno burguesa e burguesa se bandeiem para o bloco dos bandidos golpistas do inexistente “campo democrático, patriótico, popular e progressista”, da frente ampla e procurem limpar a ficha suja desses senhores.