Quando as primeiras grandes manifestações contra o governo Bolsonaro explodiram no País em 2019, o povo já gritava a palavra de ordem de “fora Bolsonaro” em todos os cantos. No carnaval, nas manifestações, concertos musicais, qualquer pequena aglomeração de pessoas era suficiente para o povo cantar “fora Bolsonaro”.
A esquerda pequeno-burguesa, à revelia da vontade do povo, se recusava a falar “fora Bolsonaro”. Quem não se lembra da declaração de Guilherme Boulos (PSOL), derrotado na eleição, dizendo que não se deveria pedir a quedo do governo porque “não eramos como Aécio Neves”. E assim, as manifestações em todo o País em 2019 foram transformadas por essa esquerda em “tsunamis da educação”.
Em suma, enquanto dezenas de milhares de pessoas saiam às ruas para pedir a cabeça de Bolsonaro, as direções do movimento abafavam esse grito e procuravam transformar a mobilização em qualquer coisa, só não se podia falar “fora Bolsonaro”. Na prática, essas mesmas direções se colocavam como um obstáculo à mobilização
Agora, vemos o lamentável espetáculo que esses mesmos que se esforçavam para impedir que a vontade do povo fosse imposta nas ruas, agora querem aparecer como grandes defensores do “fora Bolsonaro”.
Mais lamentável ainda é que essa mesma direção repete essa atitude, mas com outra política. Agora, o grito popular a ser abafado é a defesa da candidatura de Lula.
No caminhão de som do ato do dia 3 de julho na avenida Paulista, todos os oradores e apresentadores se esforçaram para esconder a palavra de ordem de “Lula presidente”. Primeiro que nenhum orador sequer citou o nome de Lula, com exceção do companheiro Antônio Carlos, do PCO, que defendeu a candidatura de Lula, sob aplausos da maioria dos presentes.
Mas não é só isso. Ao menos por duas vezes – após as falas de Gleisi Hoffmann e Fernando Haddad -, o povo em volta do carro de som começou a cantar “Olê, olê, olá, Lula, Lula”. O canto se alastrou e se alastraria por todo o ato se houvesse um incentivo dos apresentadores do carro de som. Mas não foi o que aconteceu.
Se antes, os oradores do carro de som abafavam o grito de fora Bolsonaro, agora abafam os gritos a favor de Lula. Diante do canto em favor de Lula, os apresentadores se esgoelavam no caminhão de som para impedir que a palavra de ordem a favor do ex-presidente se alastrasse por toda a avenida Paulista.
Se esses partidos e organizações que pretensamente dirigem o ato são contra Lula e sua candidatura, deveriam dizer abertamente para o povo. PSOL, PCdoB e outros têm o direito de ser contra Lula, mas por que tanto esforço para abafar os gritos por Lula? É mais um elemento antidemocrático dessa pretensa direção dos atos.
Esses grupos que estão dirigindo os atos estão bem mais preocupados em defender o PSDB do que a presença de Lula.