O STF (Supremo Tribunal Federal) contornou mais uma vez a questão da liberdade de Lula. Na quarta-feira (26), o Tribunal teria que ter julgado um habeas corpus da defesa do ex-presidente pedindo a suspeição do ex-juiz Sérgio Moro, o que anularia o processo contra o petista. O STF, no entanto, fugiu dessa questão por meio de uma manobra.
Primeiro, a Segunda Turma, que julgou dois pedidos da defesa de Lula, negou um habeas corpus referente a uma decisão monocrática tomada no STJ (Superior Tribunal de Justiça). Depois, Gilmar Mendes propôs que Lula aguardasse em liberdade o julgamento do mérito sobre a suspeição ou não de Moro no julgamento de Lula. Essa discussão tomou uma parte da sessão e acabou tendo uma votação pela manutenção da prisão de Lula, por três votos a dois. O mérito do segundo habeas corpus ficou para ser discutido só em agosto. Com isso, Lula continuará preso até lá.
Com essa manobra o STF cumpre objetivos diversos determinados pela burguesia contra Lula e os movimentos populares e operários. Primeiro, mantém Lula preso e evita as consequências políticas de sua soltura. Livre, Lula aprofundaria a crise do governo Bolsonaro intensamente. Em segundo lugar, com essa forma de tratar o problema o STF ainda deixou um fio de esperança para Lula e os que defendem sua liberdade. Teoricamente, Lula ainda poderia ser libertado por vias institucionais. E teoricamente as condições seriam, inclusive, muito favoráveis. Como não considerar Sérgio Moro suspeito depois das revelações sobre o teor de suas conversas privadas com Deltan Dallagnol durante o processo?
Esse desfecho do que aconteceu no STF durante a semana, desse modo, é uma manobra feita sob medida para a atual situação política. Mantém a possibilidade de que Lula seja solto pelas instituições, e não alimenta a crise do governo da direita golpista. Setores da direção do PT, enquanto isso, podem por sua vez continuar alimentando essa esperança ajudados pelo próprio STF, refreando a mobilização popular em defesa de Lula. Trata-se de uma artimanha para seguir dando alguma sustentação ao governo Bolsonaro.
Os trabalhadores, por sua vez, devem agir no sentido contrário, ampliando a mobilização e exigindo nas ruas a liberdade imediata de Lula e a anulação de todos os processos. Dia 16 de agosto é dia de todos irema Curitiba, exigir: liberdade para Lula!