Por quê estou vendo anúncios no DCO?

Primeira geração do rock

O dia em que a música morreu

No dia 3 de fevereiro de 1959 morreram, em um acidente aéreo, tres dos maiores nomes do rock and roll, Buddy Holly, Big Bopper e Richie Valens

O dia em que a música morreu. Foi desta forma que a canção “American Pie”, do cantor e compositor Don McLean, se referiu ao dia 3 de fevereiro de 1959. A música de McLean foi lançada em 1971 e se tornou um enorme sucesso, quando fez referência à data fatídica em que morreram três dos maiores nomes do rock da época, Buddy Holly, Big Bopper e Richie Valens, um evento que, ao lado de alguns outros acontecimentos do mesmo período, decretaram o fim desta primeira era do rock and roll.

A longa estrada

Em janeiro de 1959 Buddy Holly era um dos maiores e mais influentes músicos de rock de seu tempo. Buddy, ou Charles Hardin Holley, nasceu em 1936 em Lubbock, Texas e estava na estrada desde 1952. Ele se tornou nacionalmente famoso com clássicos como “That’ll Be The Day”, “Words Of Love”, “Peggy Sue”, “Oh, Boy!”, “Rave On”, “It’s So Easy”, “Peggy Sue Got Married” e “Crying, Waiting, Hoping”.

Até então Buddy já havia lançado três álbuns, “The Chirping Crickets” (1957), “Buddy Holly” (1958) e “That’ll Be The Day” (1958). Dentre os muitos méritos de Holly está o fato dele ter estabelecido a formação mais tradicional das bandas de rock and roll, com duas guitarras, baixo e bateria. Ele se tornou uma das maiores influências para muitos dos grandes do estilo, como os Beatles, Rolling Stones, The Hollies (que escolheram seu nome em homenagem a Holly), Elton John e muitos outros.

Em 1959 Buddy Holly montou uma nova banda, com quem saiu em excursão. Ele escolheu Waylon Jennings (baixo), Tommy Allsup (guitarra solo) e Carl Bunch (bateria).

Big Bopper, ou J.P. Richardson, era um cantor, compositor e guitarrista texano. Ele estava no seu auge de seu sucesso popular com sua canção “Chantilly Lace”. Richie Valens era um jovem talento de 17 anos que se tornou famoso com canções como “C’mon Let’s Go”, “Donna” e especialmente “La Bamba”, que era uma adaptação de uma canção folclórica mexicana.

Estes três artistas e mais Dion & The Belmonts e Frankie Sardo estavam no meio de uma turnê conjunta, a “Winter Dance Party”, percorrendo o meio-oeste norte-americano.

A julgar pela sua organização, aquela turnê foi um completo desastre. Foram marcados shows em cidades que ficavam a centenas de quilômetros de distância uma da outra, no meio de um dos invernos mais severos em décadas, viajando em ônibus desconfortáveis e gelados e encarando condições das mais adversas nas estradas.

O acidente aéreo

Após um show no Surf Ballroom na cidade de Clear Lake, no estado de Iowa, no dia 2 de fevereiro, Buddy Holly, cansado de se sentir congelado dentro do ônibus, decidiu fretar um avião para ir para a próxima parada, que seria em Moorhead, no estado de Minnesota. O avião tinha ainda mais dois assentos, que seriam para o baixista e o guitarrista de Buddy Holly, Waylon Jennings e Tommy Allsup. No final das contas Waylon acabou cedendo seu lugar para Big Bopper, que estava sofrendo com a gripe e Allsup perdeu o seu assento para Richie Valens numa aposta.

O show no Surf Ballroom estava abarrotado de gente, algo impressionante, considerando que era uma segunda-feira. Logo após o show Buddy Holly, Valens e Big Bopper se dirigiram para o Aeroporto de Mason City. O avião partiu nas primeiras horas da madrugada de 3 de fevereiro. O piloto, Roger Peterson, era um jovem de 21 anos, que decidiu voar, mesmo em condições bem adversas, muita neve e a visibilidade diminuída. Apenas alguns minutos após a decolagem o avião caiu em um local ermo, matando instantaneamente todos os seus passageiros, sem nenhuma testemunha do acontecido.

Como o piloto não retornava mais as ligações de rádio começaram as buscas. O avião foi descoberto apenas pela manhã.

A esposa de Buddy Holly, Maria Elena Holly, ficou sabendo da morte do marido através da televisão. Ela havia se casado com Buddy apenas seis meses antes e acabou sofrendo um aborto espontâneo.

Como gostam de dizer os capitalistas, o show não pode parar. A turnê “Winter Dance Party” continuou, como se nada houvesse acontecido. O cantor Bobby Vee, então com 15 anos, substituiu Holly no show seguinte em Moorhead, em parte porque conhecia as letras de todas as músicas. Nos shows seguintes Waylon Jennings e Tommy Allsup fizeram a voz principal nas músicas de Holly.

O fim da primeira era do rock’n’roll

O acidente de avião em que morreram Big Bopper, Buddy Holly e Richie Valens não foi apenas um acidente. Foi um acidente causado pelo capitalismo em crise terminal. Foi mais um caso onde se aplica a máxima do capitalismo, “tempo é dinheiro”. Os artistas desta turnê estavam fazendo o máximo de shows possível no menor espaço de tempo, sob condições extenuantes, tudo isso para render o máximo de dinheiro para seus empresários, suas gravadoras, que precisam extrair o máximo dos artistas enquanto dura o seu sucesso.

Neste mesmo sentido foram vítimas também os roqueiros americanos Eddie Cochran e Gene Vincent, que em 1960, estavam, ao lado de outras três pessoas, em um táxi, viajando de Bristol a Londres, logo após o fim de uma turnê pelo país. O veículo, em alta velocidade, sofreu um acidente, que acabou causando a morte de Eddie Cochran.

Em 1958 o rock já havia sofrido um grande abalo quando Elvis Presley, o nome mais famoso da cena, foi transformado em um símbolo do bom moço, quando aceitou servir o exército e fazer campanha para o alistamento. Tornou-se a antítese da rebeldia, foi domado e triturado pela máquina governamental. Dedicou, depois, boa parte de sua carreira empenhado em fazer filmes em Hollywood, quase totalmente despido de sua aura mais radical e rebelde.

Outros roqueiros, Little Richard, Chuck Berry e Jerry Lee Lewis, também sentiram a mão pesada do governo americano.

Chuck Berry foi o rei usurpado do rock, criador de algumas das maiores criações do estilo como “Johnny B. Goode”, “Rock And Roll Music”, “Roll Over Beethoven”, “Maybellene” e “No Particular Place To Go”. Como era negro, foi atacado pelo sistema, que preferia um jovem branco para ser o rei do estilo, que foi Elvis. Em 1959 Berry era dono de um clube, o Bandstand, que permitia a presença tanto de brancos como de negros. Em um país segregador e conservador, ele se tornou uma presença incômoda. Em uma viagem pelo México conheceu uma jovem, menor de idade, que ele convidou para trabalhar no clube. Foi parado por um policial que o acusou de manter relações sexuais com a menor. Em pouco tempo ele foi julgado culpado e preso. Quando saiu da prisão em outubro de 1963 seu momento havia passado e banido de boa parte das principais casas de espetáculo.

Jerry Lee Lewis foi outro artista perseguido. Durante uma turnê pela Inglaterra surgiu o escândalo de seu casamento com sua prima, Myra Gale Brown, que tinha então 13 anos de idade. Após este acontecimento a carreira de Lewis afundou.

Little Richard foi outro que sucumbiu à pressão da sociedade. Ele tinha jeitos afeminados, roupas espalhafatosas e uma voz espetacular, um escândalo para uma sociedade conservadora. Em 1958 ele teve uma mudança radical de atitude e abandonou o rock, passando a cantar apenas música gospel.

Por toda esta série de eventos, envolvendo todos os principais nomes do rock de então, a morte de Buddy Holly, Big Bopper e Richie Valens se transformou no símbolo do fim de uma era, o aniquilamento de toda a primeira geração do rock. Alguns foram domesticados, outros presos, outros mortos. Foi realmente o dia em que a música morreu.

Gostou do artigo? Faça uma doação!

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Quero saber mais antes de contribuir

 

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.