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Fora todos os golpistas

O dia 13 deve ser uma resposta à altura contra ameaças golpistas

Militares avançam no regime na medida em que crise política se aprofunda: é preciso mobilizar o povo contra a ditadura

A pandemia de coronavírus fez com que a crise capitalista se aprofundasse de maneira ainda mais acelerada em todo o mundo. E com a crise econômica, aprofundou-se também a crise dos regimes políticos em todo o mundo. O caso brasileiro não foge à regra. Empurrados pela iminência de uma onda de falências, os capitalistas exigiram que o governo Bolsonaro adotasse uma série de medidas para atacar duramente os trabalhadores, como o aprofundamento da reforma trabalhista, inúmeras privatizações, repasses bilionários para os bancos e a liberdade total para a especulação da indústria farmacêutica.

Em um primeiro momento, o governo está conseguindo cumprir, com relativa diligência, as ordens de seus patrões. Em grande parte, a facilidade em disparar esses ataques se deu por causa da posição adotada pelo conjunto da esquerda nacional, que decidiu suspender todas as mobilizações de rua e fechar os sindicatos, deixando o caminho livre para a extrema-direita. No entanto, a tendência é que o governo Bolsonaro encontre cada vez mais resistência aos ataques contra a população.

Isso porque, apesar de as direções da esquerda terem se recusado, durante todo esse período, a organizar a reação à ofensiva dos patrões, o povo, que se deparará com um cenário desastroso nos próximos meses, será levado à revolta. O país deverá ultrapassar os 20 milhões de desempregados, sem contar com os milhões que estarão subempregados e outros milhões trabalhando e condições semelhantes a um regime de trabalho escravo. A população como um todo irá empobrecer, dezenas de milhares terão perecido por causa da pandemia e a fome deverá a voltar a ser uma preocupação constante para os brasileiros. Essa combinação só poderá resultar em uma explosão social, pois não restará ao povo outra alternativa a não ser se rebelar contra o Estado que lhe privou de todos os aspectos mais básicos da dignidade humana.

A burguesia sabe muito bem o que a espera. E justamente por isso, vem se preparando para conter essa revolta, utilizando o único recurso que sabe usar: a força. No fim das contas, a força é o único meio que a direita tem para tentar manter algum controle da situação. Afinal de contas, com uma parcela da população morrendo e outra passando fome, nenhum discurso no Congresso, nem qualquer propaganda publicitária será capaz de convencer o povo de que a situação deve permanecer do jeito que está.

Para usar a força, a burguesia já desenvolveu uma burocracia especializada: as Forças Armadas. Embora muitas vezes os militares não apareçam no primeiro plano dos acontecimentos, o fato é que se tornaram, fundamentalmente por deterem o monopólio da força, um elemento fundamental no regime político. A cúpula das Forças Armadas é toda ela intimamente vinculada aos setores mais importantes da burguesia e, desse modo, os militares acabam sendo uma garantia para que os interesses da classe dominante prevaleçam.

E é justamente por isso que os militares estão cada vez mais ocupando território no governo Bolsonaro e no regime político de maneira geral. Pouco a pouco, as Forças Armadas estão se infiltrando no aparato do Estado para que possam intervir rapidamente em todos os momentos em que a situação ameace explodir ou para garantir que os setores mais importantes da burguesia possam vencer algum conflito no interior do próprio regime político. A título de exemplo, podemos citar o caso do ex-presidente Lula. Quando setores da burguesia representados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) pareciam vacilar em torno da prisão do maior líder popular do país, os militares, por meio de pronunciamento público do então comandante Eduardo Villas-Bôas, ordenaram que o ex-presidente fosse preso. Quando, por outro lado, a situação estava prestes a explodir no Brasil, visto que o continente inteiro estava convulsionado, os militares, por meio da Presidência do STF, tutelada pelas Forças Armadas, garantiram que Lula fosse solto.

Os militares, desse modo, não são convidados de honra do governo Bolsonaro, mas são uma imposição da burguesia a qualquer governo que se estabeleça nesse momento. Sem a garantia armada de que o Estado irá conter a fúria do povo, nenhum governo burguês conseguirá se sustentar em meio à crise que está colocada. Por isso, é natural que, com o desenvolvimento da crise, os militares passem da posição de guarda fiel da burguesia para a de, efetivamente, governo. Um governo com características fascistas e que atue diretamente contra o povo.

O filho do presidente ilegítimo Jair Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro, tem sido muito claro em relação a isso nas suas últimas declarações. Em entrevista recente, Eduardo afirmou, em resposta às operações deflagradas contra apoiadores do governo, que já não é uma questão de “se”, mas sim de “quando” haverá uma “ruptura”. Dito de outro modo, uma ditadura aberta contra o povo. Não bastasse isso, oficiais da Marinha também decidiram se manifestaram publicamente, apoiando as declarações de tipo golpista dadas pelo general Augusto Heleno. As forças navais, portanto, se somam ao Exército, que já havia declarado concordância com o general.

O objetivo de dar o poder às Forças Armadas é o de travar uma guerra contra o povo — portanto, o conflito entre povo e militares é um episódio que faz parte da própria luta de classes no Brasil. Os militares são inimigos do povo e estão esperando apenas as ordens para por seus tanques de guerra por cima da população. Por isso, é preciso se antecipar aos acontecimentos: é preciso organizar desde já a mobilização contra uma intervenção militar aberta. Em toda a história das ditaduras militares, foi a luta do povo que derrotou as Forças Armadas. Para derrotar os militares agora — de preferência, antes mesmo que tomem alguma iniciativa mais enérgica —, é preciso que os trabalhadores estejam nas ruas, se mostrando uma força incapaz de ser vencida até mesmo pelos melhores destacamentos das Forças Armadas.

Neste sentido, é preciso encarar o chamado da Frente Brasil Popular para o dia 13 de junho como um pontapé nas grandes mobilizações de rua contra a direita fascista e os militares. É preciso organizar, em todo o Brasil, manifestações de rua, que expressem a tendência dos trabalhadores a se rebelarem contra a ofensiva dos golpistas.

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