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Revolta nos EUA

O detonador de uma mobilização geral contra o imperialismo

A rebelião popular é um sintoma da crise capitalista, que tende a se espalhar pela América Latina e por todo o mundo

A partir da Análise Política da Semana de Rui Costa Pimenta:

O movimento de revolta que explodiu nos EUA a partir do assassinato do afro-americano George Floyd, morto pelo aparato de repressão policial. Todo o horror do assassinato foi filmado e amplamente difundido, um policial, Derek Chauvin, aparentemente um supremacista branco, se ajoelhou sobre o pescoço de Floyd, que estava rendido e algemado, por mais de 8 minutos, ignorando seus apelos por não poder respirar. O fato deu lugar a um levante generalizado na cidade de Mineápolis. Na sequência, ao invés de se acalmar, a revolta se estendeu para vários outros lugares no país, inclusive Nova Iorque.

Temos, como ingrediente fundamental da revolta, o problema racial. A situação racial nos EUA vem se polarizando, se radicalizando, já há algum tempo, antes mesmo da eleição de Donald Trump – um presidente racista que estimula o movimento da supremacia branca, movimentos fascistas e racistas contra os negros, a questão da opressão racial já era bastante crítica, o que deu lugar lugar a eleição de um negro, Barack Obama presidente, escolha apoiada pelo próprio imperialismo norte-americano como meio de conter as tendências à revolta da população negra.

Essa revolta da população negra tem, nos EUA, um papel muito importante. Apesar de que, nos EUA – diferentemente do Brasil – os negros são uma minoria considerável (cerca de 15% da população) constituem o centro de um conjunto de populações “estrangeiras”, que não são a população branca tradicional dos EUA (mexicanos e outras nacionalidades). Os negros são o setor mais politizado, radicalizado e organizado destas nacionalidades oprimidas no interior do país.
No passado, nas décadas de 1950 e 1960, os negros norte-americanos ocuparam um papel fundamental na luta das massas contra o governo imperialista norte-americano, chegando a pontos de altíssima radicalização com o armamento da população negra no Sul dos EUA. Os enfrentamentos se repetiram em vários lugares e isso levou o imperialismo norte-americano a se colocar contra, no Sul, as leis de segregação racial, como medida de distensão da situação.

Qual foi a preocupação do imperialismo com a população negra? É uma preocupação muito grande até hoje com movimento negro, pelo impacto que tem dentro da situação política norte-americana, que pode ser o detonador de um grande movimento de massas contra o imperialismo. Tem um volume e porta-vozes importantes, muitas organizações, um alcance nacional etc.

O imperialismo conseguiu conter esse movimento negro com uma série de alterações na sua política em relação aos negros – além de acabar com a segregação racial no sul – combateu as manifestações mais escandalosas de racismo, liquidou as organizações negras mais radicais (como os panteras negras, o Poder Negro) que foram completamente massacradas e praticamente exterminadas pelo FBI, e criou uma possibilidade de uma ascensão social de uma pequena minoria de negros que constitui uma burguesia minoritária negra.

Se isso diminuiu o impacto revolucionário da mobilização negra nas últimas décadas, porém não foi capaz de superar o problema do negro. Não é possível transformar 15% de uma população extremamente pobre – a mais pobre dos EUA – em uma burguesia e uma pequena burguesia negra. Os negros lotam as prisões norte-americanas, a situação de desemprego é mais intensa entre os negros, todos os males sociais atingem com particular dureza a população negra.

Nos últimos anos, essa tentativa de conciliação e contenção do movimento vem se erodindo, entrando em crise, e pode-se verificar que a crise ganhou uma intensidade muito grande com o governo Trump, surgiu um grande movimento de defesa dos negros contra os assassinatos da polícia, denominado Black Lives Matter,por exemplo. Isso significa que há um movimento grande e há uma intensificação da repressão política contra os negros. O acontecimento de Mineápolis de forma nenhuma foi isolado. Vindo de onde vem, onde existe uma maior pressão contra a extrema-direita, uma polarização política muito intensa, torna-o muito significativo.

Uma segunda questão é a de que não se trata simplesmente de um movimento social. Ele explode tendo como motivo imediato o assassinato de características nitidamente racistas de um jovem negro pela polícia norte-americana, mas ele faz levantar esse fundo de crise social intensa que existe nos EUA hoje. É essa justamente a preocupação da burguesia.

O próprio presidente Donald Trump disse que se começarem os saques vão começar os tiros do exército e da polícia contra os saqueadores. A linha dura contra os saqueadores. Os saqueadores, no entanto, não são apenas negros, são toda a população pobre norte-americana. Existe uma crise intensa nos EUA. Esse acontecimento incendiou o país, uma vez que a situação do capitalismo norte-americano é extremamente delicada. Há 20 milhões de desempregados, 56 milhões abaixo da linha de miséria, um crescente empobrecimento da população, uma pressão muito grande da polícia e do aparato repressivo contra a população pobre, principalmente com o ascenso da extrema-direita e, em um dado momento, um acontecimento como o de Mineápolis pode levar a uma explosão generalizada e uma intensificação da luta de classes no país com resultados ainda imprevisíveis.

É importante ficar atento e considerar que esse acontecimento é um sintoma da situação política mundial, não uma particularidade dos EUA. É essa situação que os governos latino-americanos temem, principalmente o governo brasileiro, ou seja, a intensificação da luta de classes decorrente da greve crises política, econômica, social e sanitária. Essa potencial explosão social cria um pano de fundo onde a burguesia brasileira se coloca na defensiva diante do bolsonarismo que tem um apoio aparentemente sólido das forças armadas porque é bem provável que essa situação se reproduza no Brasil.

Veja esse e muitos outros temas na Análise Política da Semana:

Contra a Frente Ampla - Análise Política da Semana - 30/05/20

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