O volume de matérias-primas, no Brasil, atingiu seu menor valor em 19 anos. Segundo estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), 14 dos 19 segmentos da indústria nacional sentem os impactos da política de sabotagem econômica do governo golpista de Jair Bolsonaro.
Alguns setores, como vestuário, chegaram a ter falta de insumos e componentes em quase três quartos das indústrias. Uma situação que coloca a produção em risco.
Além da falta de matérias-primas para fabricação dos produtos, também há escassez de materiais para embalagens, como papelão, plástico e vidro. Deste modo, a falta destes materiais, junto ao câmbio fortemente desvalorizado, levam a um pico de inflação no país.
O preço do papelão, por exemplo, aumentou de R$10 para R$18 por quilo. Um aumento de 80%. Outros materiais, como PVC, bastante utilizado pela indústria calçadista, subiu entre 60% e 80%.
O que ocorre é que mesmo com o aumento das matérias-primas, as indústrias não conseguem repassar tal valor aos consumidores de imediato, por conta na queda do consumo, provocada pelo desemprego em massa e redução salarial. A tendência é que isto ocorra paulatinamente.
A política desastrosa do governo fascista de Jair Bolsonaro e da direita não é mero acaso, mas um projeto de destruição nacional a serviço do imperialismo. O objetivo é destruir toda indústria nacional, tornando o Brasil um mero exportador de produtos não industrializados (commodities).
Não que o Brasil não seja, já, dependente da sua exportação de commodities, mas isto também é um problema para o país, que fica com seu caixa dependendo da flutuação internacional de preços. O governo do PT foi um exemplo disto. O governo Lula conseguiu recursos para alavancar seus projetos sociais através da exportação de commodities a preços exorbitantes. Porém, no governo Dilma, quando o preço das commodities despencou, o governo enfrentou um grave problema de arrecadação. Isto mostra que a dependência da exportação de commodities é um dos grandes obstáculos para o desenvolvimento do Brasil.
Devido a esta dependência do mercado internacional, o governo golpista faz uma política de total desregulamentação das exportações, fazendo com que para os produtores de alimentos e matérias-primas seja mais vantajoso exportar graças ao valor ridículo do Brasil frente ao dólar americano. Assim, o preço não apenas dos alimentos, mas também dos produtos industrializados atingem picos históricos, criando um ambiente de total destruição da indústria nacional. Sem indústria nacional, o país fica, ainda mais, refém do preço das commodities. Como o mercado internacional está em forte retração, é esperado que o preço de diversos produtos continuem baixos, criando um grave problema econômico nos países de capitalismo atrasado.
Esta política de destruição das indústrias dos países de capitalismo atrasado permite que os países imperialistas, em especial os Estados Unidos, “exportem” sua inflação. Assim, quando valorizam artificialmente sua moeda, compram produtos mais baratos dos demais países, fazendo que haja falta de produtos nesses países. Como os países de capitalismo atrasado não possuem capacidade de investimento e nem crédito para expandir sua produção, sofrem com alta inflação. Enquanto isto, no país imperialista, há uma inundação de produtos que foram comprados com a moeda forte, baixando os preços. Deste modo é feita uma “exportação” da inflação dos países desenvolvidos para os países de capitalismo atrasado.
Depois que as indústrias nacionais são destruídas, os países desenvolvidos baixam o valor da sua moeda e exportam todo seu excedente aos mercados dos países de capitalismo atrasado, sem concorrência, pois não há qualquer resquício de indústria competitiva nestes países.
A condição de falta de matérias-primas e alta nos alimentos e produtos industrializados é um projeto muito bem pensado de destruição da economia nacional. Portanto, é necessário mobilizar a classe trabalhadora para derrubar o governo de Jair Bolsonaro, fantoche do imperialismo, e colocar Lula na presidência, como parte da luta pela independência nacional, por um governo dos trabalhadores da cidade do campo.