A esquerda pequeno-burguesa, de alguns anos para cá, incorporou a reivindicação do desarmamento do povo como sendo uma palavra de ordem típica da esquerda. A propaganda nos meios de comunicação da burguesia procura inclusive convencer que a defesa do armamento é uma pauta típica da direita e o desarmamento seria da esquerda. Nada poderia ser mais falso.
A pauta do desarmamento nunca foi e não é uma reivindicação da esquerda. Esse é um problema que foi incorporado pela esquerda graças à adaptação a uma política da burguesia. Como a burguesia tem dificuldade de defender determinada política, ela usa a esquerda para dar um ar democrático ou progressista. Esse é exatamente o caso do desarmamento.
A burguesia e sua imprensa, de maneira cínica e pérfida, convence a esquerda pequeno-burguesa a entrar na campanha pelo desarmamento contrapondo a demagogia feita pela extrema-direita, que na verdade só quer armar os seus amigos, capangas, policiais, latifundiários etc.
Na realidade a política tradicional da esquerda e das organizações operárias é a defesa democrática do armamento do povo. De ponto de vista lógico, que vantagem tem uma organização que defende o direito do povo ser contra o armamento? Absolutamente nenhuma!
Ao contrário, o desarmamento é uma típica política da direita, portanto da burguesia que obviamente quer ver o povo desarmado. Aqui, vale a máxima: povo desarmado, povo dominado. Afinal, se é a burguesia que detém o poder do Estado e portanto do monopólio da violência, a classe operária e o povo em geral deveriam ter como política a defesa do direito ao armamento.
Mas não é só do ponto de vista lógico que o desarmamento não é uma política da esquerda. Até mesmo as experiências históricas de luta do povo mostram que o armamento sempre foi uma necessidade em vários episódios.
Apenas para citar um exemplo, o movimento dos negros pelos direitos civis nos Estados Unidos só se desenvolveu quando evoluiu para um movimento armado. O Partido dos Panteras Negras, por exemplo, que a esquerda pequeno burguesa adora idolatrar para fazer demagogia identitária, era uma organização que andava ostensivamente armada com o objetivo de se defender e defender os negros da violência da polícia.
A política do desarmamento é da direita, não da esquerda. Só mesmo uma esquerda pequeno-burguesa que tem ilusões profundas na democracia burguesa, que na realidade não passa de um fiapo de democracia, poderia acreditar que o desarmamento fosse a solução para os problemas do povo. Acreditar nisso é crer cegamente no Estado burguês e em suas instituições, a começar pela polícia, treinada para assassinar o povo.