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Conversa para boi dormir

O “corte de classe” do PSOL

Corrente interna da legenda faz malabarismo para justificar sua política centrista

Há uma semana, o PSOL decidiu oficializar a escolha de Guilherme Boulos e Luiza Erundina para concorrerem, respectivamente, ao cargo de prefeito e vice-prefeita da cidade de São Paulo. A notícia não causou surpresa; afinal, a imprensa capitalista já vinha, há bastante tempo, fazendo campanha em torno do nome de Boulos. Reverberando essa pressão da burguesia, o sítio Esquerda Online, mantido pelo grupo Resistência/PSOL, sob a orientação de Valério Arcary, publicou o artigo “Boulos e Erundina: um movimento de resistência em SP”, elogiando a decisão.

O texto apresenta um conjunto de aberrações políticas sobre as quais não teremos condições de nos debruçar no detalhe. Focaremos, no entanto, no parágrafo final, que diz:

“(…) é preciso valorizar os locais em que o PSOL manteve um corte de classe na definição do arco de alianças, como no caso do Rio de Janeiro. Justamente porque o programa que defendemos não pode ser aplicado por meio da conciliação com partidos da direita e burgueses. Daí não vem nossa força, mas nossa fraqueza, como demonstrado na experiência de governos petistas de conciliação de classes. Nossa fortaleza vem da mobilização e organização dos trabalhadores, das mulheres, negros e negras, LGBTs, sem-teto, sem-terra e da juventude”.

Debatamos primeiro a ideia de que seria preciso “valorizar os locais” em que o PSOL manteve um “corte de classe”. Isso equivaleria a dizer, portanto, que houve locais em que o PSOL não manteve esse corte? Sim, basta acompanhar minimamente a política nacional para colher exemplos em que o PSOL usou e abusou da conciliação de classes: eleição de Edison Silva, em Pernambuco, com o apoio do PMN, eleição de Randolfe Rodrigues, no Amapá, com apoio do PTB, PSDC, PRTB e PTC contra o PT, eleição de Clécio Luis, também no Amapá, com o apoio do PPS, do PV, do PTC e do PRTB etc. O que chama a atenção, no entanto, é o reconhecimento pelo próprio PSOL de ter praticado essa política, uma vez que o partido frequentemente acusa o PT de ser um partido de colaboração de classes. Nesse sentido, fica claro que essas acusações contra o PT não têm um valor real por parte do PSOL, mas sim um valor puramente demagógico, eleitoral, uma vez que o partido não leva minimamente a sério o problema da independência de classe.

Suponhamos, para benefício do argumento, que essas alianças sejam “águas passadas”. O artigo do Resistência/PSOL poderia, então, ser considerado uma autocrítica? Ingressaria o partido agora em uma etapa de ruptura completa com a conciliação de classes? Tudo indica que não.

Ora, o texto cita o Rio de Janeiro como um lugar em que o PSOL manteve um “corte de classe”. Nada poderia ser mais distante da realidade. Em 2016, o candidato a prefeito do Rio de Janeiro pelo PSOL, Marcelo Freixo, obteve apoio de toda a imprensa capitalista — Veja, Folha de S.Paulo e Globo. Como se isso não bastasse, figuras tradicionais da direita, como Eduardo Paes (hoje no DEM), apoiaram a sua candidatura. Agora, às vésperas das eleições de 2020, Freixo retribuiu o apoio recebido e abriu mão de sua candidatura em favor de Eduardo Paes.

O caso do próprio Boulos também explicita a colaboração com o regime político golpista. Boulos participou de todos os eventos e de todos os manifestos em que a burguesia procurou promover a “frente ampla” — uma aliança entre a direita e setores da esquerda nacional. Exemplos disso são o evento virtual dos “Direitos já”, com a presença de Fernando Henrique Cardoso, e o manifesto “Estamos juntos”, com a assinatura de Miguel Reale Jr., autor do pedido de impeachment contra Dilma Rousseff.

A política do PSOL não tem nada a ver com os interesses da classe operária. Para falar em “corte de classe”, seria preciso, em primeiro lugar, defender os interesses dessa classe. E disso aí, ao subir no palanque ao lado de bandidos políticos como Eduardo Paes, o PSOL está bem longe.

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