A principal organização sindical da Bolivia, a Central Obrera Boliviana (COB), que apoiou o governo Evo Morales ao longo dos últimos anos, pressionada pela direita e pelo imperialismo por meio da intensa campanha realizada a favor do golpe de Estado, pediu em 10 de novembro que o presidente renunciasse a pretexto de “pacificar o País” diante da mobilização artificial e minoritária levada adiante pela direita após as eleições de outubro passado, quando o presidente Evo foi reeleito, derrotando os candidatos da direita.
Na oportunidade o secretário-geral da COB, Juan Carlos Huarachi, assinalou em entrevista coletiva que “o povo está pedindo. Por isso pedimos ao presidente reflita. Se é para o bem do País, se e pela saúde do País, renuncie nosso presidente”. Na entrevista a direção da COB apoiou a proposta de convocação de novas eleições apoiadas pela direita e repetiu o bordão tradicional de setores da esquerda que capitulam diante da direita: “não seremos cúmplices do derramamento de sangue”.
Naquele momento, de acordo com a COB e a imprensa burguesa boliviana, as mobilizações contra a e favor do governo já teriam levado a morte de três pessoas e haviam mais de 300 feridos.
Depois da renuncia de Evo Morales, que abdicou de lutar contra o golpe e entregando o País nas mãos dos golpistas, a COB, diante da enorme crescimento da revolta popular contra o golpe militar, fez um pronunciamento em que dava um prazo de 24 horas “para restaurar a ordem no Pais, depois do golpe de Estado contra o presidente Evo Morales”, ameaçando com a realização de uma marcha em direção a La Paz e com a realização de uma greve geral por tempo indeterminado, em um novo pronunciamento no dia 12 passado. Na oportunidade, declarou “lhes damos 24 horas para reestabelecer a ordem constitucional, a paz e a unidade do povo boliviano e evitar mais derramamento de sangue, pranto, luta e violência”.
Com essa política, a burocracia buscava direcionar a pressão das bases dos sindicatos contra o golpe para uma clara política de acordo com os golpistas, em nome do restabelecimento da ordem, o que significa na situação boliviana a “normalidade” da imposição de um governo capacho do imperialismo, aceito pelos golpistas e que leve adiante – como acontece em toda a América Latina – uma política de ataque à economia nacional e à população explorada em favor dos interesses do grande capital internacional em crise.
Em nenhum momento a COB tomou a iniciativa real de organizar a greve geral efetivamente e, de fato, foi superada nas mobilizações por sindicatos e organizações populares que se levantaram e foram às ruas contra o golpe.
Adotaram a política covarde da quase totalidade da esquerda boliviana, de se curvar diante do golpe militar, aceitar ou pedir a renuncia de Evo Morales e, agora, estão apoiando novas eleições, o que significa se colocar, mais uma vez, do lado dos golpistas que, justamente, não querem aceitar (como não aceitaram em nenhum lugar do Continente latino-americano) a vontade popular.
Os trabalhadores bolivianos e de todo o continente precisam tirar todas as lições dessa luta, para lutar no interior do enfrentamento atual contra os golpistas por uma nova direção classista e revolucionária para as lutas da próxima etapa, para derrotar a direita fascista e pró-imperialista e para lançar na luta por governos dos trabalhadores da cidade e do campo em toda a América Latina.